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Agricultores/as do RN conhecem novas formas de convivência com o semiárido.

O Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2 vem mudando a paisagem do semiárido brasileiro, trazendo a esperança de uma vida melhor ao povo do sertão. Além das construções das tecnologias sociais, o programa também oferece as famílias momentos de formação política e social. A troca de conhecimentos entre os agricultores/as é uma importante ferramenta para a construção desse conhecimento. O intercâmbio entre os agricultores/as é apontado como uma poderosa ferramenta de empoderamento das famílias agricultoras. Seja fazendo ou recebendo visitas, os participantes têm a chance de trocar experiências entre si, vendo na prática e falando “a mesma língua”. Esses encontros são de extrema importância, tendo em vista que o/a agricultor/a entra aluno/a e sai como professor/a. Além disso, tem a missão de conhecer as experiências exitosas, colocar em prática se possível na sua região e ensinar a outras famílias.

Nos dias 18, 19 e 20 de Julho o Centro Padre Pedro Neefs, através do P1+2, termo do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) realizou no município de Picuí/PB, o intercâmbio interestadual. Participaram desse momento 17 agricultores/as vindos dos municípios de Janduís, Olho D’água do Borges e Triunfo Potiguar, todos do Rio Grande do Norte.

Picuí está localizado na região Seridó da Paraíba. Por lá fomos recepcionados pelos coordenadores da CEOP (Centro de Educação e Organização Popular). Fundado em 1992, pela Ir. Maria Conceição de Freitas, o Pe. Donato Rizzi e mais algumas pessoas da comunidade que, preocupados com os problemas sociais, constituíram essa entidade sem fins lucrativos, econômicos e de caráter filantrópico.

O CEOP tem como missão Contribuir no processo de formação dos grupos de crianças, adolescentes, jovens, mulheres e agricultores familiares na construção coletiva do saber, tendo como enfoque os direitos humanos e a ética, resgatando a dignidade e os valores sociais para vivência em sociedade.

Experiências

A primeira visita que fizemos foi a Comunidade de Quixaba, onde conhecemos a simpática Maria Vital (DuCarmo). Ela nos conta com bastante entusiasmo, de como sua vida melhorou após a chegada das tecnologias sociais da ASA (Articulação Semiárido Brasileiro). Dona DuCarmo é beneficiada com uma cisterna enxurrada, ela conseguiu com pouca água, produzir canteiros de frutas e hortaliças ao redor da sua casa. Com a pequena produção ela consegue ter a soberania alimentar da sua família.

A segunda visita que fizemos foi à propriedade de Dona Inácia, localizado no sitio Lajedo. A família se destaca na região não só por sua produção, mas também pelo esforço e dedicação pelo qual todos os membros da família se envolvem no trabalho com a agricultura familiar. Dona Inácia nos conta de como antes era difícil o acesso a água e de como sua vida melhorou após a construção da sua cisterna calçadão, com isso, ela conseguiu plantar várias tipos de legumes e hoje além de garantir a segurança familiar de todos da casa, ela também comercializa aquilo que sobra, garantindo renda para sua família.

Outra coisa que nos chama atenção na propriedade de Dona Inácia é o tanque de pedras, construído por toda família, após um dos seus filhos ter participado de um intercambio e ter visto que era possível construir uma tecnologia dessa natureza em sua propriedade. “Hoje me sinto feliz e realizada com tudo que eu tenho aqui, o sofrimento com a falta d’água ficou no passado, porque nós aprendemos a conviver com a seca” nos conta Dona Inacia.

Dando continuidade as visitas, estivemos na comunidade de Cachoeira de Baixo, na casa de Dona Maria da Guia. A experiência realizada por ela e toda sua família é espetacular, quem nos mostra a grandiosidade da propriedade é Raniere Ferreira formado em agroecologia, filho de Dona Maria da Guia. Até o inicio da década de 90, toda a região vivia um processo de exaustão, devido à péssima qualidade do solo, os produtores rurais não conseguiam produzir quase nada. Apesar das muitas dificuldades a família conseguiu superar os problemas conhecendo e implantando na propriedade novas formas de convivência com o semiárido. A vegetação nativa tem construído junto à família a recuperação física e química do solo, possibilitando também a recuperação do agrossistema da região.

Raniere nos mostra todo o seu sistema agroflorestal, composto por um imenso plantio de palmas, além de plantas nativas da região e leguminosas. Outro fator importante na propriedade é a criação de bovinos, ovinos e aves. Toda a propriedade é cuidada pela família, fazendo com que a propriedade se torne um grandioso campo produtivo.

Ao final da visita os agricultores/as ficaram extremamente felizes com o que virão e aprenderam, segundo o Agricultor Pedro Chaves “a gente chegou aqui, com um conhecimento, e vai saindo com outro”. Para Raniere “Os intercâmbios fortalecem a rede de agricultores, onde através de momentos assim, nós começamos a nos posicionar e olhar para nossa região com outros olhos”.


Fonte: Blog do Centro Padre Pedro Neefs em Ação

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