MPF busca indícios de pagamento de propina na exploração do pré-sal.
Os procuradores que investigam
denúncias de desvio de dinheiro da Petrobras, na Operação Lava Jato tentam
descobrir se houve pagamento de propina na construção de navios para a
exploração do pré-sal. Um depoimento do ex-diretor da construtora Engevix,
Gerson Almada, pode ser um dos motivos para abrir uma nova investigação.
O conteúdo do depoimento foi
divulgado pelo jornal "O Estado de S.Paulo" e o Jornal Nacional
também teve acesso aos documentos. Neles, consta que Almada descreveu um
contato com a empresa Sete Brasil, uma companhia que tem a participação da
Petrobras e de fundos de pensão, além de bancos. Segundo o ex-diretor da
Engevix, a empresa foi procurada pela Sete Brasil para construir três
navios-sonda no estaleiro Rio Grande. A unidade é controlada pela Engevix.
O mediador desse contato, segundo
Almada, foi o empresário Milton Pascowitch, um dos suspeitos de ser operador de
propina nos contratos da Sete Brasil. A empresa tinha o ex-gerente de Serviços
da Petrobras, Pedro Barusco, como diretor de operações. Barusco fez acordo de
delação premiada com a Justiça e já devolveu mais de US$ 100 milhões aos cofres
públicos, que foram desviados de contratos fraudulentos entre a estatal e
empreiteiras.
Almada relatou que Pascowitch
recebeu uma comissão entre 0,75% e 0,9% do valor total da construção dos
navios-sonda. Os contratos custaram cerca de R$ 2,4 bilhões à Petrobras. O
Ministério Público Federal acredita que essa comissão paga a Pascowitch, na
verdade, era um pagamento de propina.
Pascowitch passou a ser investigado
após o depoimento de Barusco à Justiça. O ex-gerente da Petrobras afirmou que o
empresário desempenhou o papel de operador da propina nos contratos entre o
estaleiro comandado pela Engevix e a Petrobras. Parte das quantias pagas ao
empresário foram parar em contas no exterior do próprio Barusco.
Almada também falou a respeito do
pagamento de comissão para Pascowitch, pela construção de cascos de plataformas
de perfuração para o pré-sal. Barusco havia citado um suposto pagamento de
propina nesse contrato.
Pascowitch
preso
Milton Pascowitch está preso em
Curitiba desde o dia 21 de maio. Ele foi detido na 13ª fase da Operação Lava
Jato e deve ser ouvido ainda nesta semana pela Polícia Federal.
Em nota, a atual direção da Sete
Brasil diz que, desde maio de 2014, auditorias externas apresentaram que os
contratos estavam dentro da legalidade e com preços praticados pelo mercado. Os
diretores dizem ainda que têm todo o interesse de ver os fatos esclarecidos.
Por fim, a Sete Brasil lembra que
Pedro Barusco se afastou da empresa por motivos de saúde, em agosto de 2013 e
que, desde 2014, não são mais executivos da companhia.
A advogada de Pedro Barusco afirmou
que o cliente reitera todas as declarações do acordo de colaboração premiada. A
Engevix declarou que está prestando os esclarecimentos necessários à Justiça.
Os advogados de Milton Pascowitch e
Gerson Almada não quiseram se manifestar.
G1
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