Contra a lei: trânsito só é municipalizado em 26 cidades da PB.
Dos
223 municípios paraibanos, apenas 26 cidades têm o trânsito municipalizado e
somente 14 destes possuem órgão de trânsito gerido pelo próprio município. Ou
seja, apenas 6% das prefeituras têm agentes de trânsito fiscalizando,
orientando e aplicando multas no trânsito urbano. Mesmo assim, ainda existe a
deficiência de efetivo para atender à demanda do trabalho. Apesar de ser uma
lei federal, a maioria das prefeituras do Estado não se interessa em implantar
um órgão municipal de trânsito, pois muitos gestores ficam com receio de serem
mal vistos pela população, tendo em vista que a municipalização traria várias
mudanças na rotina da cidade e as irregularidades hoje cometidas nessas cidades
seriam fiscalizadas e teriam punição.
Mesmo
com trânsito municipalizado, a maioria destas cidades não tem órgão de
fiscalização, o que permite o surgimento das mesmas infrações cometidas em
outros municípios onde o trânsito ainda não passou pelo processo de
municipalização. Nesses lugares podem ser facilmente encontrados condutores não
habilitados, não uso do capacete, veículos circulando com licenciamento
vencido, entre outras irregularidades, estacionamento em local proibido,
dispensa do cinto de segurança, entre outras.
A
situação é um pouco melhor nos municípios maiores como João Pessoa, Campina
Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, mas mesmo nessas cidades também existem
dificuldades em virtude de problemas como a falta de agentes e mesmo de
estrutura de trabalho. Em cidade como Pitimbú, os agentes existem, mas o
problema é a falta de material de trabalho, pois nem sequer talão de
notificações o município dispõe para que sejam lavradas as multas. Já em
Guarabira, o órgão tem sede própria, viaturas adquiridas, mas os agentes
aprovados no concurso ainda não começaram a trabalhar na cidade.
De
acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes e Fiscais de Trânsito da
Paraíba, Fábio Gomes, a estrutura na maioria das cidades que já implantaram o
órgão de trânsito ainda é precária, pois faltam viaturas, equipamentos e
material de trabalho.
Hoje
a frota de veículos na Paraíba chega a 1.099.810 e o número de agentes de
trânsito é de apenas 378, quando a recomendação do Denatran é que exista ao
menos um fiscal para cada dois mil veículos emplacados, ou seja, o Estado tem
apenas 1 agente para cada quase três mil veículos.
Detran
assume todo o serviço
Os
gestores das autarquias municipais de trânsito reconhecem que a quantidade de
agentes em seus municípios é insuficiente para cobrir toda a área urbana, mesmo
assim na maioria delas não há previsão de concurso para suprir essa
deficiência. No caso de Bayeux foi realizado um concurso recentemente com 35
vagas, só que boa parte dos aprovados abandonaram o cargo por terem passado em
outros concursos. Nas cidades onde não há a municipalização do trânsito, a
responsabilidade ainda está sob o Departamento estadual de Trânsito
(Detran-PB), que não possui efetivo suficiente para estar presente nestas
localidades, deixando a maioria dos municípios, principalmente os menores, sem
qualquer tipo de fiscalização.
Para
Edênia Alves, técnica do Ministério das Cidades, o maior desafio para as
cidades terem um trânsito mais seguro é implantar uma política de fiscalização
intensa, colocando os agentes de trânsito nas vias, com o intuito de alcançarem
metas, reforçando a educação na área de trânsito em todos os níveis escolares e
na mídia. Segundo ela, o município que
resolver criar órgão municipal de trânsito terá as despesas com a implantação
cobertas, pois 95% dos valores arrecadados com pagamentos de multas por
infrações de trânsito são depositados em contas do município.
“Ninguém
melhor que o gestor municipal para conhecer o trânsito de sua cidade e que, com
o mínimo de intervenções nas vias, como regulamentação de parada, circulação e
estacionamento, o índice de acidentes de trânsito diminuem e proporcionalmente
o custo de atendimentos nos hospitais municipais também cai”, explicou Edênia.
JPOnline
Nenhum comentário