Governo do Estado distribui sementes de algodão orgânico para agricultores familiares de Baraúna e Picuí.
O Governo do Estado, por meio da
Emater-PB, integrante da Gestão Unificada (Emepa/Interpa /Emater), vinculada à
Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap),
começa nesta terça-feira (23) a distribuição de sementes de algodão orgânico
para mais de 100 agricultores familiares dos municípios de Baraúna e Picuí, no
Curimataú paraibano. A ação, que integra o Projeto Algodão Paraíba, tem
parceria da Embrapa e começa às 9h, na Casa do Agricultor, em Picui, com a
participação de representantes de associações comunitárias rurais, Conselhos
Municipais de Desenvolvimento Rurais Sustentáveis (CMDRS) e agricultores
produtores de algodão.
A iniciativa tem por objetivo
alavancar o cultivo do algodão no Estado depois de acentuada queda na sua
produção, após ter sido durante décadas uma das principais culturas geradoras
de emprego e renda no campo. O processo de recuperação desta atividade, uma
ação articulada do Governo do Estado, vem reunindo os agricultores, o mercado,
as instituições estaduais da Gestão Unificada e a Embrapa Algodão, sediada em
Campina Grande, os quais discutiram toda cadeia produtiva, desde a pesquisa,
assistência técnica, sistemas de produção, logística pós-colheita, preço justo
e comercialização. Assim nasceu o Projeto Algodão Paraíba, cuja proposta é
iniciar na safra de 2016 com uma média de 300 produtores, todos com contrato de
compra e venda firmados com a indústria têxtil.
A diretoria Técnica da Emater-GU
realizou no final de 2015 quatro encontros com agricultores de diversas regiões
do estado aptas a cultivar o algodão, debatendo a proposta de trabalho para o
ano agrícola de 2016, quando foram feitas explanações do Projeto Algodão
Paraíba, obtendo uma boa receptividade junto aos agricultores familiares.
Os encontros aconteceram em
Gurinhém, Jericó, Patos, Baraúnas e Salgado de São Félix, conduzidos pelo
diretor técnico da Emater/GU, Vlaminck Paiva Saraiva, com apoio do coordenador
de operações, Alexandre Alfredo Soares, do assessor estadual da cultura do
algodão, José Joacy dos Santos, e do pesquisador da Embrapa, Dalfran Gonçalves.
O projeto aponta como alternativa
mais viável o cultivo do algodão orgânico em sistema de sequeiro. As pesquisas
da Embrapa indicam uma produtividade para a região do semi-árido entre 1.220 a
1.500 quilos por hectare, desde que se tenha as condições mínimas exigidas pela
cultura, podendo chegar a mais de 2.000 kg/ha.
Para o cultivo orgânico deverão ser
adotadas práticas como manejo integrado de pragas e doenças e uso de
biofertilizante. A equipe do projeto realizou estudos técnicos para chegar ao
real custo de produção da safra 2016, possibilitando uma negociação com a
indústria têxtil para composição do preço mínimo a ser pago ao quilo da rama.
Os agricultores demonstraram interesse e os núcleos de produção estão sendo
formados.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores de Gurinhém, Geraldo Mariano da Silva, destacou a iniciativa em
retomar o cultivo do algodão, porque se trata de “uma das culturas mais
tradicionais e geradoras de emprego e renda, diversificando a produção das
unidades familiares, garantindo o aumento de renda e a melhoria da qualidade de
vida das pessoas”.
A proposta inicial do Governo é a
implantação de 300 hectares de algodão orgânico produzidos com a mão de obra
familiar. A expectativa é produzir 160 toneladas de pluma que terá certificação
orgânica por auditoria, custeada pela empresa têxtil Norfil. Esta foi uma das
conquistas articuladas pelo projeto, pois o custo de certificação é muito alto.
A Norfil também disponibilizará a semente e a logística de transporte da
produção e todos os produtores terão acompanhamento da Emater e Embrapa que
também implantarão Unidades Técnicas Demonstrativas – UTDs e realizarão dias de
campo na época da colheita. O projeto propõe ainda a formação de OPAC pelos
agricultores, uma estrutura que permite a certificação participativa e
oficializada pelo Ministério da Agricultura – Mapa.
Na Bolívia – A experiência do
trabalho executado pela Emater-GU será levada para fora do país, a começar pela
Bolívia. Um acordo de cooperação foi assinado entre o presidente da Gestão
Unificada, Nivaldo Magalhães, a Associação Brasileira das Entidades Estaduais
de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), a Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação
(ABC), ligada ao Ministério das Relações Exteriores – Itamaraty e a Bolívia.
Visita – Neste mês de fevereiro, a
diretoria técnica da Emater/GU recebeu a visita do alemão Alexander Grisar,
fundador da Socila -Support Organic Cotton in Latin America, instituição que
congrega as iniciativas europeias de produtos têxteis derivados do algodão
orgânico. Na oportunidade, foi apresentado o Projeto Algodão Paraíba e as
iniciativas conjuntas do Governo do Estado para fortalecer a produção orgânica
na Paraíba.
O coordenador de operações da
Emater- GU, Alexandre Alfredo, informou que o termo de cooperação Sul-Sul
Brasil/FAO/Bolívia terá duração de três anos, e visa o incremento da produção
de algodão, pelo qual a empresa de extensão rural irá repassar metodologia de
assistência técnica e extensão rural e articular com as instituições bolivianas
a formulação de políticas públicas que possam alavancar a cultura do algodão, melhorando
as condições de vida dos agricultores familiares naquele país, que, segundo a
FAO, está vivendo uma fase de decadência.
ascom
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