Apesar de derrota na comissão, governistas acreditam em vitória no plenário.
Apesar
da aprovação do parecer favorável à admissibilidade do processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff na comissão especial da Câmara, deputados da base
aliada analisaram o placar da votação como positivo. Segundo os governistas, se
a proporção de votos na comissão se repetir no plenário da Casa, a denúncia
contra Dilma será arquivada.
“Essa
proporção não dá impeachment. Não significa que está garantido [o arquivamento
da denúncia], mas eles [oposição] estão, eu diria, exagerando na comemoração”,
disse o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à Agência Brasil logo após o
desfecho da votação na comissão especial.
Por
uma diferença de 11 votos, a comissão especial do impeachment aprovou o parecer
do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) pelo prosseguimento da denúncia contra
Dilma. Pelo placar 38 a 27, 58,46% dos titulares da comissão votaram pela
abertura de impeachment. Para que o processo de afastamento seja aprovado no
plenário da Câmara são necessários votos favoráveis de 66,6% dos 513 deputados.
“É
claro que perdemos, óbvio. O que estou fazendo referência é que essa
proporcionalidade não garante o impeachment. E a comissão foi uma indicação
absolutamente controlada [dos líderes], diferentemente do que é o plenário e,
mesmo assim, tivemos votos contra o impeachment”, acrescentou Chinaglia.
Para
o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), a oposição saiu frustrada da votação,
apesar da vitória. “Eles criaram uma expectativa muito alta, para mais de 40
votos, e não atingiram. É um resultado que, proporcionalmente, não materializa
o impeachment no plenário”, disse.
Para
o deputado, dois fatores principais influenciaram a votação na comissão: a pesquisa
DataFolha divulgada no último sábado (9), que mostra que a maioria dos
entrevistados é favorável tanto ao impeachment de Dilma como do vice-presidente
da República, Michel Temer; e o vazamento do áudio em que Temer apresenta
propostas que pretende discutir, caso assuma o governo, mesmo antes da votação
do impeachment.
“Acho
que foi um desgaste muito grande para as propostas de impeachment. Vai haver
muita luta ainda”, disse Valente. O petista José Mentor (SP) também reforçou a
tese de que a repetição proporcional do placar da comissão no plenário não
garante a admissibilidade do processo.
“Essa
é uma sinalização. As pessoas estão vendo, estão conversando, [mas no plenário]
a relação é outra. Eles não fizeram a conta ainda”, disse Mentor em relação à
comemoração dos parlamentares oposicionistas.
Agência
Brasil
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