PT reafirma que impeachment é golpe e diz que oposição não tem os 342 votos.
Segunda
maior bancada na Câmara, o PT é o segundo partido a defender sua posição na
tribuna da Câmara nesta sexta-feira (15). O líder do partido na Casa, deputado
Afonso Florence (BA), afirmou que, ao contrário do que se propaga no Congresso,
a oposição não tem votos suficientes para que a Câmara autorize o processo de
impedimento da presidenta Dilma Rousseff.
“Não
haverá uma eleição. Dilma não será derrotada e não será eleita a chapa
Temer-Cunha, porque eles não têm, não tiveram e nunca terão os 342 votos
'sim'”, disse ao acusar o vice-presidente Michel Temer e o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB, de conspirar e tentar criar uma onda
pró-impeachment.
Florence
citou uma pesquisa do Instituto Vox Populi na qual, segundo ele, 58% da
população se manifestam contra o impeachment. “Por isso, esta velocidade toda
do deputado Cunha para colocar esta votação [em andamento]. O que sustenta esta
realidade não é o PT ou governo Dilma é uma consciência democrática de massa.
Hoje, de um lado da foto estão os que sempre defenderam o regime militar e os
contra são os que defendem a democracia.”
O
líder do PT exaltou os parlamentares dissidentes que não comparecerão à votação
de domingo (17) e os que deverão se abster para se proteger do que chamou de
“sanha de ameaça” por se manifestar contrariamente à posição de seus partidos,
favoráveis ao impedimento da presidenta.
Constituição
Vice-líder
do governo, Paulo Teixeira (SP), afirmou que não há crime de responsabilidade e
não haverá impeachment. “Nossa constituição não prevê retirar um governo por
baixa popularidade. Não existe voto de confiança que é próprio do
parlamentarismo. Não há renúncia, não há novas eleições e não há impeachment.
Isto não é impeachment, isto é golpe parlamentar contra a sociedade brasileira.
Estão querendo tirar do povo brasileiro o poder de escolher o presidente da
República.”
Teixeira
destacou que a Constituição define que para o impeachment de presidente da
República é necessário que haja crime de responsabilidade e disse que esses
crimes são classificados como os que atentam contra a Carta Magna. “Quem atenta
contra a constituição, contra a democracia brasileira e contra o povo
brasileiro são os que propõem o impeachement. Estes atentam contra a soberania
popular”, afirmou. O deputado voltou a afirmar que o relatório do deputado
Jovair Arantes (PTB-GO) não tem fundamento jurídico ou comprova qualquer das
acusações contra a presidenta. “Não vão conseguir. É podridão e da podridão não
nasce o novo, não nasce esperança. Sem legitimidade não se pode querer governar
o país”, completou.
Programas
sociais
Benedita
da Silva (PT-RJ) lembrou de sua história e ascensão social, destacando a
importância de programas sociais para a população de mais baixa renda,
implementados desde o primeiro governo petista, sob o comando de Luiz Inácio
Lula da Silva. A parlamentar afirmou que crime de responsabilidade é deixar a
população passando fome. Segundo ela, o partido, na sessão desta sexta-feira,
está com a missão de defender homens e mulheres que marcharam até Brasília em
busca de uma Constituição cidadã.
“É
esta constituição que estamos neste momento para cuidar, para que não seja
rasgada”, afirmou. Numa fala direcionada para o povo brasileiro, destacou que
para o país continuar crescendo não é preciso tirar uma pessoa “limpa e honesta
que não tem dinheiro guardado em outro lugar”, fazendo uma referência a outros
políticos, como o próprio presidente da Câmara, investigado por suspeitas de
manter contas secretas no exterior.
“Não
vai ter golpe, vai ter luta”, disse o deputado João Daniel (SE), ao iniciar seu
discurso. O parlamentar alertou que o país está correndo um “sério” risco de
“caminhar para frente ou pelo retrocesso”.
Agência
brasil
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