MINISTRO DE TEMER: Em gravação, Jucá sugere 'pacto' para barrar a Lava Jato, diz jornal.
Gravações
obtidas pelo jornal "Folha de S. Paulo" indicam o novo ministro do
Planejamento, Romero Jucá, sugerindo ao ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado um "pacto" para tentar deter a Operação Lava Jato. As
conversas ocorreram em março deste ano.
Romero
Jucá confirmou à TV Globo a conversa com o ex-presidente da Transpetro. Segundo
o ministro, Sérgio Machado o procurou em casa. Jucá é alvo de dois inquéritos
no Supremo Tribunal Federal que investigam suspeita de que ele recebeu propina
do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Já
Sérgio Machado foi citado nas delações premiadas do ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa e do senador cassado Delcício do Amaral (sem
partido-MS).
De
acordo com a reportagem, o titular do Planejamento sugeriu nas gravações com
Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um
pacto para "estancar a sangria" representada pela Lava Jato.
Em
uma das conversas, segundo o jornal, Machado diz ao ministro, que à época era
senador, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, queria pegar Jucá
e outros parlamentares do PMDB.
"O
Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. Ele acha que sou
o caixa de vocês", ressalta Sérgio Machado.
Ainda
conforme o jornal, o ex-presidente da Transpetro fez uma ameaça velada e pediu
que fosse montada uma estrutura para protegê-lo.
Em
outro trecho, de acordo com a "Folha de S.Paulo", Sérgio Machado
voltou a dizer: "Então, eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês.
A gente tem que encontrar uma saída".
O
ex-dirigente da Transpetro disse que novas delações na Lava Jato não deixariam
"pedra sobre pedra". E Jucá concordou que o caso de Sérgio Machado
não poderia ficar nas mãos do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos
processos da Lava Jato na primeira instância.
Na
gravação, ainda segundo o jornal, Jucá acrescentou que um eventual governo
Michel Temer deveria construir um pacto nacional com o Supremo Tribunal
Federal.
E
Machado disse que "aí parava tudo". E Jucá respondeu que, a respeito
das investigações, "delimitava onde está".
Juca
disse que havia mantido conversas com ministros do Supremo, aos quais não
nominou. O ministro do Planejamento ressaltou ao ex-dirigente da Transpetro que
são "poucos" os magistrados da Suprema Corte aos quais ele não tem
acesso. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, seria um desses
ministros, destacou o peemedebista, que acrescentou que Teori é "um cara
fechado”.
O
que disseram os suspeitos
À
TV Globo, Jucá disse que os diálogos não trazem novidade em relação ao
posicionamento dele sobre a crise política e econômica do país. Segundo o
ministro do Planejamento, o “pacto” a que ele se refere seria para destravar a
crise, e não um acordo para barrar a Operação Lava Jato.
Ele
também afirmou que sempre se manifestou no sentido de que o país não podia
ficar refém da operação. Ainda de acordo com o peemedebista, o termo
"delimitar" usado na conversa não significa “barrar” a Lava Jato, mas
definir quem é culpado, o crime, e a punição de cada acusado.
Jucá
ressaltou que, em nenhum momento, ofereceu ajuda ou prometeu a Sérgio Machado
que iria interferir nas investigações. Por fim, ele disse que “apoia a Operação
Lava Jato”.
Até
a última atualização desta reportagem, o ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado não havia sido localizado.
Aécio
Neves
A
reportagem da "Folha de S. Paulo" mostra que, durante a conversa com
Sérgio Machado, o ministro do Planejamento disse que "caiu a ficha de
líderes do PSDB" sobre o potencial de danos que a Operação Lava Jato pode
causar em vários partidos.
Conforme
o jornal, Jucá diz ao interlocutor que está "todo mundo na bandeja para
ser comido".
E,
em resposta, Machado pondera que o primeiro a ser comido vai ser o presidente
nacional do PSDB e senador Aécio Neves (MG).
À
TV Globo, Aécio disse desconhecer e estranhar os termos da conversa entre Jucá
e Sérgio Machado.
G1
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