TRANSPOSIÇÃO: governo garante que água chega à Paraíba até dezembro.
Contrariando
previsões e argumentos técnicos de renomados especialistas em recursos hídricos,
o Ministério da Integração garante que a água do São Francisco chegará à
Paraíba, Pernambuco e Ceará antes mesmo de dezembro deste ano, último prazo
anunciado pelo Governo Federal para a conclusão das obras do projeto.
“O
aporte de recursos nos últimos anos e o ritmo de trabalho impresso ao longo dos
477 quilômetros por onde passa o projeto permitem ao governo manter o
calendário de conclusão previsto para dezembro deste ano. Mesmo antes disso,
populações já serão abastecidas pela água do rio São Francisco em estados como
Pernambuco, Ceará e Paraíba”, afirma o MI em nota sobre a visita da presidente
Dilma Rousseff na sexta-feira (6) à segunda estação de bombeamento (EBI-2) do
Eixo Norte, em Cabrobó (PE).
Acompanhada
dos governadores Ricardo Coutinho (Paraíba) e Camilo Santana (Ceará) e dos
ministros Josélio Moura (Integração) e Maurício Muniz (Portos), Dilma sobrevoou
trechos daquela que é a maior obra de infraestrutura hídrica do país e lembrou
em pronunciamento público que a transposição é promessa feita por sucessivos
governantes brasileiros desde Dom Pedro II. Na ocasião, o MI informou que o
Projeto de Integração do Rio São Francisco alcançou o índice de 86,3% de avanço
físico nos dois eixos de obras.
Autoridades
acadêmicas e profissionais da Engenharia Civil como o Professor Francisco
Jácome Sarmento não contestam o dado divulgado pelo governo. Mas, conforme
observou o ex-secretário de Recursos Hídricos da Paraíba em entrevista a este
portal na segunda-feira (9), o estágio em que se encontra a obra diz respeito
exatamente ou exclusivamente às estruturas em pedra e cal do projeto. O grande
problema da transposição estaria no sistema operacional.
O governo ainda não
licitou e, portanto, não comprou nem testou a maior parte dos equipamentos das
estações de bombeamento que permitirão elevar a água até 300 metros em alguns
pontos e fazê-la correr por dentro dos canais dos eixos leste e norte. Essas
máquinas, especialmente bombas hidráulicas de alta potência e complexidade, têm
que ser encomendadas e fabricadas no exterior.
Como
se não bastasse, ainda segundo Sarmento, o projeto não possui as licenças de
instalação, de operação e ambiental do Ibama, que dificilmente as concederá.
Principalmente porque em todos os estados beneficiados, Paraíba incluída, muito
pouco ou quase nada avançou em matéria de saneamento nas cidades que lançam
esgotos nos cursos de água que serão abastecidos ou reforçados pelos canais da
transposição.
JPOnline
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