'Vou quebrar a zona de conforto dos presos', diz secretário da Sejuc no RN.
“Temos
que mexer com esses presos. Puni-los administrativamente. Suspender visitas
íntimas. Vou quebrar a zona de conforto dos presos”. A declaração é de Wallber
Virgolino da Silva Ferreira, de 37 anos. Ele, que é delegado de Polícia Civil
na Paraíba, foi anunciado no último final de semana como novo secretário de
Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, em substituição ao advogado
Cristiano Feitosa, que deixa a Sejuc para assumir a Secretaria Estadual de
Administração.
Ao
G1, com exclusividade, Virgolino disse que já está de malas prontas e deve se
mudar para Natal ainda esta semana. "Estou esperando apenas o governador
da Paraíba me liberar", afirmou.
Nesta
terça-feira, Virgolino comentou a nova tentativa de fuga registrada na
Penitenciária Estadual de Alcaçuz, o maior presídio do sistema prisional
potiguar. Um grupo de detentos conseguiu sair do pavilhão 3 e tentou cavar um
buraco no pé do muro da unidade. Guardas perceberam a movimentação e
conseguiram impedir a debandada. “Isso é só falta de fiscalização e
comprometimento. Mudança de mentalidade e adoção de procedimentos de rotina
somados a punição de presos e agentes”, afirmou.
Ainda
de acordo com o delegado, uma medida imediata que deverá ser tomada por ele
quando assumir a Sejuc será determinar que um trator, do tipo escavadeira,
passe ao redor de Alcaçuz para que eventuais túneis sejam descobertos e
destruídos. “Tem que passar um trator em volta dos pavilhões que os túneis
apareceram. Concretar o chão das celas. Transferir presos como forma de punir
pra ficarem longe da família, etc”.
Perfil
Wallber
Virgolino da Silva Ferreira tem 37 anos e é formado em Direito pelo UNIPÊ de
João Pessoa. É delegado da Polícia Civil da Paraíba há 11 anos. Conhecido como
'linha dura', é especialista em segurança pública, em ciências criminais,
gestão pública e prisional e especialista em inteligência policial. Atuou no
Grupo de Operações Especiais - GOE da PC/PB. Foi advogado militante da OAB/PB,
professor da Escola Penitenciária da PB, Tutor Senasp, Corregedor Geral do
Detran-PB, delegado da DHPP-PB, Secretário de Administração da Prefeitura de
Coremas-PB, Secretário de Justiça e Cidadania da PB e Delegado Seccional de
Polícia Civil da Região do Brejo na PB.
Sistema
em calamidade
A
Sejuc não vive um bom momento. E faz tempo. Em março de 2015, após uma série de
rebeliões em várias unidades prisionais do estado, o governo decretou estado de
calamidade pública e pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14
presídios, todos depredados durante os motins, foram gastos mais de R$ 7
milhões. No entanto, o sistema permanece em crise. Seis meses depois, o decreto
de calamidade foi prorrogado por mais 180 dias e a permanência da Força
Nacional também renovada.
Já
no dia 17 de março deste ano, o governo do Rio Grande do Norte voltou a renovar
o decreto de calamidade no sistema prisional potiguar. A renovação da
calamidade, por mais seis meses, foi assinada pelo governador Robinson Faria. O
documento diz que a renovação tem por objetivo "legitimar a adoção e
execução de medidas emergenciais que se mostrarem necessárias ao
restabelecimento do seu normal funcionamento".
Fugas
Além
das unidades depredadas e da superlotação, mortes dentro dos presídios e fugas
também se tornaram problemas constantes para o Estado. Somente este ano, 10
detentos morreram de forma suspeita ou foram assassinados dentro das unidades
prisionais do estado. E mais: 188 detentos já escaparam do sistema prisional
potiguar em 2016. A média é de 11 fugitivos por semana.
G1
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