Suspeito de morte diz que não sabia que mandante era irmã da vítima.
Mulher teria mandado matar o irmão por causa de herança |
“Se
a gente soubesse que era irmão, a gente tinha matado ela”. Ricardo de Souza
Freire, 31 anos, suspeito de ser autor do tiro que matou o universitário Marcos
Antônio Filho, de 28 anos, afirmou que Maria Celeste de Medeiros Nascimento,
irmã da vítima que teria encomendado a morte, mentiu sobre a motivação da
execução. “Ela disse que ele [o universitário] estava roubando o dinheiro dela.
A gente não sabia que era irmão dela”, completou. O suspeito falou durante
coletiva de imprensa onde a polícia apresentou os resultados da investigação do
crime. Maria Celeste preferiu permanecer calada.
Marcos
Antônio Filho, de 28 anos, foi baleado no dia 4 de junho, durante um suposto
assalto à padaria que pertencia à irmã, Maria Celeste de Medeiros Nascimento. O
jovem, que cursava Medicina Veterinária no Campus da UFPB na cidade de Areia,
no Brejo paraibano, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital de Trauma
de João Pessoa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no mesmo dia.
Ricardo
de Souza, Maria Celeste e outras cinco pessoas foram presas após investigações
da Polícia Civil confirmarem participação dos sete na morte do universitário.
Seis dos envolvidos no crime, que teria sido motivado pelo interesse da irmã da
vítima em administrar sozinha todos os bens da família foram presos na
segunda-feira (27) e o sétimo foi detido no início da tarde desta terça-feira
(28). O último preso teria sido responsável por ajudar na fuga da dupla que
participou do assalto forjado e do tiro que matou o universitário, também foi
preso.
Um
dos delegados responsáveis pela investigação, Aldrovilli Grisi, explicou que
Maria Celeste havia encomendado a morte do irmão por R$ 13 mil e pretendia
pagar o crime aos executores vendendo os bens do próprio irmão. A quantia
acertada para que fosse cometido o assassinato foi confirmada por Ricardo de
Souza. Segundo o atirador, embora o crime tenha sido executado, o pagamento não
chegou a ser feito.
Conforme
levantamento feito por Aldrovilli Grisi, o trio responsável por dar
prosseguimento ao assalto forjado à padaria e à execução de Marcos Antônio
Filho pretendia fugir após a repercussão do crime. “Tivemos que antecipar o
cumprimento dos mandados porque recebemos informações de que os dois que
participaram diretamente da morte e o terceiro que tinha sido acertado com
Celeste todo o crime queriam fugir do estado”, comentou.
Embora
pretendesse fugir, o trio dependia do pagamento pela morte de Marcos Antônio
Filho para ter dinheiro e iniciar a fuga. Segundo o delegado responsável pelo
caso, a cobrança pelo pagamento por parte dos executores do crime fez com que
Maria Celeste fosse constantemente à delegacia pedir uma conclusão do caso à
polícia. De acordo com Grisi, Celeste tinha interesse na documentação da morte
do irmão para poder vender os bens que pertenciam a ele e, com o dinheiro da
venda, pagar pelo assassinato do irmão.
“Ela
chegou a ir até a delegacia em três momentos, em três situações diferentes.
Sempre cobrando os documentos do irmão para ter condições legais de vender os
bens do Marquinhos [a vítima] e ter dinheiro para pagar pela morte do próprio
Marquinhos”, acrescentou o delegado. Ainda de acordo com a polícia, a prisão de
Maria Celeste aconteceu justamente no dia em que ela foi até a delegacia buscar
a moto que pertencia ao irmão e que tinha sido levada pelos dois suspeitos de
executar o universitário no assalto forjado à padaria.
Crime
planejado
O
crime foi planejado dias antes com Maria Celeste e o trio, segundo apontam as
investigações. Ela chegou a passar informações sobre o irmão, o horário em que
ele estaria na padaria e até uma foto dele, para que não houvesse erro, de
acordo com o delegado responsável pela elucidação do caso. No dia do assalto
forjado, Maria Celeste havia retirado a maior parte do dinheiro do caixa da
padaria, deixando apenas cerca de R$ 100, e chegou a mandar a localização do
estabelecimento por meio de um aplicativo de troca de mensagens por celular.
Logo
após prosseguir com sua parte no plano no dia do crime, de acordo com
Aldrovilli Grisi, Maria Celeste foi até o irmão, que estava no lado de fora da
padaria, e informou que precisava sair para comprar farinha de trigo para o
estabelecimento.
“A
motivação para a morte do Marcos era exclusivamente pecuniário por parte da
irmã. Após a morte do pai há cerca de dois anos, por causas naturais, e diante
da impossibilidade da mãe, que convive com uma doença e toma remédios
controlados, o único empecilho para que ela tomasse conta de todo os bens da
família era o irmão”, concluiu Aldrovilli Grisi.
A
delegada Júlia Valeska, titular da delegacia de roubos e furtos e que também
participou da elucidação do crime, comentou que a polícia precisou de calma e
profissionalismo para concluir a operação com a prisão da irmã da vítima. “A
todo momento a família nos passou uma pessoa totalmente diferente da que Maria
Celeste se mostrou durante a evolução das investigações. Foi muito difícil, foi
preciso cruzar os depoimentos e as provas materiais para conseguirmos chegar ao
desfecho”, avaliou a delegada.
Ainda
de acordo com Júlia Valeska, a irmã de Marcos Antônio Filho não demostrou
remorso. Para a delegada, Maria Celeste demonstrou um perfil de psicopatia. “No
momento da prisão, ela não questionou o porquê, ficou calada, não reagiu. Nem
ela, nem a companheira dela, que foi cúmplice”, explicou. A jovem apontada como
cúmplice, de 21 anos, era namorada da irmã de Marcos e sabia do plano de Maria
Celeste para executar o irmão e administrar sozinha os bens da família.
Os
sete suspeitos seguiam presos no início da tarde desta terça-feira na
carceragem da Central de Polícia Civil de João Pessoa. Pelo menos cinco deles
devem responder pelo crime de homicídio com concurso de roubo e organização
criminosa.
G1
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