Datafolha admite que houve imprecisão em pesquisa sobre Temer, diz site.
Depois
de questionado pelo site independente de notícias Intercept, sobre os dados de
pesquisa do Instituto Datafolha, divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo, no
último fim de semana, sobre a preferência do brasileiro em relação à
permanência de Michel Temer ou a volta de Dilma Rousseff, o Instituto Datafolha
admitiu imprecisão na análise dos dados. O site diz que o jornal cometeu uma
“fraude jornalística”.
“Ontem
[19], os dados completos e as perguntas complementares [da pesquisa] foram
divulgados. Tornou-se evidente que, seja por desonestidade ou incompetência
extrema, a Folha cometeu uma fraude jornalística. Apenas 3% dos entrevistados
disseram que desejavam a realização de novas eleições, e apenas 4% disseram que
não queriam nem Temer nem Dilma como presidentes, porque nenhuma dessas opções
de resposta encontrava-se disponível na pesquisa”, diz o texto do site de notícias.
Em
entrevista ao Intercept, Luciana Schong, do Datafolha, disse que "qualquer
análise desses dados que alegue que 50% dos brasileiros querem Temer como
presidente seriam imprecisos, sem a informação de que as opções de resposta
estavam limitadas a apenas duas." Luciana afirmou à agência de notícias
que foi a Folha, e não o instituto de pesquisa, quem estabeleceu as perguntas a
serem feitas aos entrevistados e reconheceu "o aspecto enganoso na
afirmação de que 3% dos brasileiros querem novas eleições", “já que essa
pergunta não foi feita aos entrevistados”.
A
pesquisa foi divulgada no sábado (16) na Folha Online e no domingo (17) no
jornal Folha de S.Paulo. A agência de notícias Intercept foi lançada em 2014
pelos jornalistas Glenn Greenwald, Laura Poitras e Jeremy Scahill. Greenwald
foi o jornalista que, em parceria com Edward Snowden, revelou a existência dos
programas secretos de vigilância dos Estados Unidos, executados pela Agência de
Segurança Nacional (NSA).
A
pesquisa, segundo tabela divulgada pelo jornalista norte-americano Alex
Cuadros, fez a seguinte pergunta aos entrevistados: “Na sua opinião, o que
seria melhor para o país? Que Dilma voltasse à presidência ou que Michel Temer
continuasse no mandato até 2018”. Pela tabela, as informações dão conta de que
50% dos entrevistados querem que Temer continue na Presidência até 2018. E 32%
dos entrevistados preferem que Dilma volte ao Palácio do Planalto. Os 18%
restantes não escolheram nenhum dos dois, disseram não saber ou que preferiam
novas eleições.
A
Intercept observa que a Folha de S.Paulo não divulgou as perguntas realizadas,
nem os dados de suporte, impossibilitando, assim, segundo o site, a verificação
dos fatos que sustentam as afirmações. A matéria da Folha afirma que 3% dos
entrevistados disseram que desejavam novas eleições, e 4% que não queriam nem
Temer nem Dilma como presidentes, porque nenhuma dessas opções de resposta
encontrava-se disponível na pesquisa.
Dessa
forma, o site avalia como incorreta a afirmação de que 3% dos brasileiros
acreditam que “novas eleições são o melhor para o país”, pois a pesquisa não
colocou essa pergunta aos entrevistados. Sendo uma pergunta binária, a
Intercept avalia que, ao perguntar se Temer fica quando a única opção restante
é Dilma ficar, é “incorreto dizer que 50% dos brasileiros acreditam que a
permanência de Temer seja melhor para o país” até o fim do mandato de Dilma. Só
é possível afirmar que 50% da população deseja a permanência de Temer se a
única outra opção for o retorno de Dilma.” O site entrevistou a professora de
ciência política da Unicamp Andréa Freitas, para quem: “como as novas eleições
são uma opção viável, deveriam ter sido incluídas como uma das opções”.
O
site lembra ainda que a possibilidade novas eleições foram aventadas tanto em pesquisa
anterior do instituto, de 9 de abril, como por várias personalidades políticas,
como Marina Silva. Na pesquisa da Datafolha de abril, feita antes da análise do
processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, 60% da população apoiavam o
impeachment, enquanto 58% eram favoráveis ao impeachment de Temer. A sondagem
também mostrou que 60% dos entrevistados queriam a renúncia de Temer após o
impeachment de Dilma, e 79% defendiam novas eleições após a saída de ambos.
CNI/Ibope
Pesquisa
CNI/Ibope, publicada pela Agência Brasil no dia 1º de julho, indicou que o
governo Michel Temer foi considerado ruim ou péssimo por 39% da população. O
percentual de pessoas que consideravam o governo de Michel Temer ótimo ou bom
foi então de 13%, contra 10% de Dilma. Já os que avaliaram o governo Temer como
regular foram 36%. Em março, 19% disseram que o governo de Dilma era regular.
Na última pesquisa CNI/Ibope que avaliou o governo de Dilma, em março deste
ano, 69% dos entrevistados consideraram o governo da petista ruim ou péssimo.
Procurado
pela Agência Brasil, o Instituto
Datafolha informou, por e-mail, que o jornal Folha de S. Paulo irá publicar
reportagem sobre o tema.
Da
Agência Brasil
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