Eleição de Maia fez parte de pacto para levar PSDB à presidência da Câmara.
BRASÍLIA
- O gesto do novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de fazer ao
presidente do PSDB Aécio Neves (MG) a primeira visita de agradecimento, ontem
pela manhã, reforça a expectativa dos tucanos de que a vitória da candidatura
construída com o apoio do núcleo da antiga oposição, é mais um passo para a
volta ao centro do poder com a eleição do líder Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
para o comando da Casa em 2017. Articulador e fiel da balança na eleição de
Maia, o PSDB está de olho no comando da Câmara no próximo biênio, período
fundamental para pavimentar a campanha ao Planalto em 2018.
Por
isso o PSDB não lançou candidato para o mandato-tampão e apostou no candidato
do DEM. Segundo interlocutores de tucanos e democratas, esse acordo de
reciprocidade firmado com Maia tem o apoio do presidente interino Michel Temer
e agora falta convencer o PMDB de que não dá para o partido ter as presidências
da República, do Senado e da Câmara. Caberá a Temer trazer o PMDB para esse
acordo.
Ao
não lançar candidato à sucessão de Cunha, dizem os tucanos, o PSDB se
credenciou para ter o apoio do Democratas, PMDB e até do PSB, que devolveria o
apoio dado ao deputado Júlio Delgado (MG) na disputa com Cunha em 2015.
Animadíssimos, os tucanos acreditam que a eleição de Rodrigo Maia vai
fortalecer a dobradinha com o PSDB e reeditar a aliança que deu sustentação ao
governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
—
Estávamos muito fora do jogo nesses últimos anos do governo do PT. Com nosso
apoio à aprovação do impeachment, o apoio ao Temer e agora com a eleição do
Rodrigo Maia e uma sinalização clara do governo, voltamos para o jogo. É hora
da gente se cacifar. Cacifamos o caminho para 2017 — disse Aécio a
interlocutores ao avaliar a virada de jogo no tabuleiro político com a eleição
de Maia.
NO CARDÁPIO DE TEMER E AÉCIO
Os
tucanos dizem que a candidatura de Rodrigo Maia nasceu em um encontro no Rio de
Janeiro na casa de Aécio, com a presença do ex-líder do partido Carlos Sampaio
(SP). Teria partido de Sampaio a ideia de que Maia tinha que disputar, mas a
candidatura só ganhou força e credibilidade no domingo, quando Aécio, num
jantar com o presidente Michel Temer, disse que o núcleo do PSDB, PSB e
Democratas iria contra o candidato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nem que fosse
para delimitar espaço e ganhar o discurso.
Na
quarta-feira Aécio voltou a Temer e disse que se ele não entrasse em campo,
parte do PSDB e do PSB poderia se unir ao PT e descarregar votos em Marcelo
Castro (PMDB-PI), cuja eleição seria o pior dos mundos para o governo. Mesmo
sem aparecer, o Planalto atuou para desidratar a candidatura de Castro e votos
de partidos da base, como o PR, foram descarregados em Rodrigo.
—
Temos que construir um novo núcleo passando pelo PMDB. Temer não pode ficar
refém do centrão. Demos um pouco de sorte, mas o que garantiu a vitória foi à
boa articulação de todos. O Michel precisa trazer o PMDB para o nosso campo e
ele está consciente disso — disse um dirigente tucano.
—
Foi bom para todo mundo — comemorou ontem o ministro da secretaria de Governo,
Geddel Vieira Lima , em conversa com líderes da base.
O
Globo
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