Mulher que matou gestante para não terminar com namorado é presa.
Acusados
são apresentados pela Polícia Civil de Minas Gerais. Penas podem chegar a 40
anos de prisão
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Até
onde vai a crueldade humana? No caso da jovem Greiciara Belo Vieira, de 19
anos, moradora de Uberlândia, a vida lhe foi tirada com requintes de barbárie.
O motivo? Com ela bem acordada, implorando pela vida, tirar de seu útero o bebê
que esperava, em troca de dinheiro, telefone celular e cortes de cabelo. O
desfecho do caso da grávida, que havia desaparecido e foi encontrada morta numa
represa em Ituiutaba, na mesma região, foi apresentado ontem pela Polícia
Civil. Quatro pessoas estão presas, entre elas a mandante e mentora intelectual
do crime, Shirley de Oliveira Benfica, 39 anos. Outras duas estão foragidas.
Além
de Shirley, foram presos em flagrante Lucas Mateus da Silva, 22, vulgo Mirele;
Jonathan Martins Ribeiro de Lima, 24, vulgo Yasmin; e a técnica em enfermagem
Jacira Santos de Oliveira, 48. Os outros dois suspeitos não tiveram os nomes
divulgados, para não prejudicar as investigações.
Segundo
as apurações, Shirley, uma ex-garota de programa que mora em Uberlândia,
planejou tudo porque havia inventado uma gravidez para a família e para o
namorado, com o propósito de mantê-lo ao seu lado. Há oito meses, o companheiro,
dono de uma agência de venda de carros em Araguari, na mesma região, queria a
separação. “Naquele momento, ela falou que ele não podia deixá-la, porque
esperava um filho”, contou, durante coletiva de imprensa ontem, o delegado
Regional de Ituiutaba, Carlos Antônio Fernandes, um dos responsáveis pelo caso,
ao lado da delegada Roberta Silva Borges Ferreira, titular da Delegacia de
Homicídios da cidade, que preside as investigações.
“Ela
mostrava ultrassons que falsificou a familiares e ao namorado e dizia que o
parto seria esta semana. Shirley chamou os autores e disse que precisava de uma
criança”, relatou Fernandes. Sobre o fato de não ter uma barriga típica de uma
gestante, ela teria usado a justificativa de que, por ter feito uma
abdomenoplastia, a criança estava por baixo da costela. O namorado passou mais
de R$ 20 mil para Shirley comprar berço e o enxoval da suposta criança, segundo
as investigações.
Enquanto
sustentava a gravidez forjada, ela teria pedido à amiga Jacira que lhe
conseguisse uma criança para adoção. Não tendo sucesso na empreitada, elas
partiram para o tudo ou nada. De acordo com o delegado, as duas contaram com o
apoio de Lucas, que era amigo de Greiciara. As investigações mostram que, na
quinta-feira, ele ligou para a jovem querendo encontrá-la, com o pretexto de
entregar uma lembrança ao bebê. Ao se verem, teria convidado a garota, usuária
de drogas, para uma festa. Lá, depois de fumar maconha, ela teria tomado um
refrigerante que havia sido “batizado” com medicamento. “Ela passou mal e
começou a ficar sonolenta, momento no qual Shirley se ofereceu para levá-la em
casa”, conta Carlos Antônio Fernandes.
Greiciara
foi levada para as margens da represa, distante 140 quilômetros de Uberlândia,
na vizinha Ituiutaba. Jacira abriu a barriga da jovem, que, acordada, viu sua
filha ser retirada, enquanto gritava pela vida. Depois, foi enforcada até a
morte. O corpo foi jogado na água, mas, dois dias depois, flutuou e foi
encontrado.
Os
acusados podem pegar até 40 anos de prisão por homicídio triplamente
qualificado, sequestro, ocultação de cadáver e subtração de incapaz, segundo
Fernandes. As apurações revelaram, ainda, que, pelo crime, Jaciara receberia R$
2 mil. Os outros suspeitos, telefone celular e cortes de cabelo, pois Shirley também
era cabeleireira.
Correio
Brasiliense
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