Deputada federal e prefeito afastado de Montes Claros são alvos da PF.
A
Polícia Federal deflagrou hoje (9) a Operação Véu Protetor, cujo objetivo é
desarticular uma organização criminosa que atuava no norte de Minas Gerais.
Entre os envolvidos estão a deputada federal Raquel Muniz (PSD) e seu marido, o
prefeito afastado de Montes Claros, Ruy Muniz (PSB).
Eles
são acusados de desvio de verbas públicas de diferentes origens. Também seriam
responsáveis por fraudes tributárias e previdenciárias e estelionatos
qualificados, gerando um prejuízo de R$300 milhões à Receita Federal. Os
recursos desviados eram utilizados para benefício econômico e político de ambos
e de pessoas ligadas a eles, incluindo familiares.
A
operação ocorre nos municípios mineiros de Montes Claros, Belo Horizonte,
Lavras e Contagem, além de Brasília e Lages (SC). Estão sendo cumpridos 11
mandados de busca e apreensão em empresas e endereços residenciais de pessoas
supostamente ligadas ao esquema.
Ruy
Muniz já havia sido preso no dia 18 de abril, acusado de sabotar o
funcionamento de hospitais públicos e filantrópicos para beneficiar o Hospital
das Clínicas Mario Ribeiro da Silveira, pertencente e gerido pelo prefeito e
por familiares. A prisão ocorreu um dia após a votação da Câmara dos Deputados
que aprovou a admissibilidade do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff.
Na
ocasião, a deputada Raquel Muniz votou favorável ao prosseguimento do processo
e justificou seu voto elogiando o marido. "Meu voto é para dizer que o
Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com
sua gestão."
O
prefeito de Montes Claros ficou quase um mês preso e atualmente cumpre medidas
cautelares. Ele está afastado de suas funções e não pode sequer entrar no
prédio da prefeitura. Mesmo assim, Ruy Muniz é candidato à reeleição em uma
coligação que reúne dez partidos. Além do PSB e do PMDB, que indicou o vice
Danilo Fernando Narciso, a chapa conta com PSD, PTB, PTC, PRB, PPL, PMN, PHS e
PRTB.
Esquema
No
novo esquema investigado pela Polícia Federal, a própria deputada estaria
implicada. Os políticos envolvidos seriam administradores de 133 instituições
que prestam serviços nas áreas de educação e saúde em todo o país. Para manter
essas instituições, eles criaram uma entidade beneficente e deixaram de
recolher mais de R$ 200 milhões em tributos, além de outros R$ 100 milhões que
já estão devidamente lançados e inscritos em dívida ativa.
Empresas
de familiares estariam sendo usadas para blindagem patrimonial. Eles transferiam
os empregados para a instituição, gozando assim da isenção de tributos
federais.
Além
disso, Ruy e Raquel Muniz teriam desviado recursos públicos federais e
estaduais que eram repassados às entidades por força de convênios. A maior
parte dessa verba seria do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), recebidos
do Ministério da Educação.
Os
envolvidos no esquema poderão responder pelos crimes de organização criminosa,
crimes tributários e previdenciários, descaminho e furto qualificado,
estelionato majorado, fraudes à execução, crimes contra o sistema financeiro,
falsificação de documentos públicos e particulares, peculato, prevaricação e
lavagem de dinheiro.
A
Agência Brasil entrou em contato com o gabinete da deputada Raquel Muniz, mas
uma funcionária informou que a assessora de comunicação estará ausente até
segunda-feira (12). A reportagem também tentou, sem sucesso, contato com a
assessoria de comunicação da prefeitura de Montes Claros.
Agência
Brasil
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