Gravação mostra tentativa de fraude em urnas nas eleições municipais.
Conforme
investigação da Polícia Federal, o esquema de um grupo para fraudar urnas
eletrônicas nas eleições municipais de 2016 "não passaria de um
engodo". Em operação deflagrada nesta terça-feira (13), uma pessoa foi
presa em Xangri-Lá, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, e outras duas em
Brasília. A RBS TV teve acesso a áudios gravados pela PF com autorização da
Justiça, que mostram a tentativa.
O
esquema passou a ser investigado a partir da denúncia do prefeito de um
município da Região Metropolitana de Porto Alegre, que não teve o nome nem a
cidade divulgados. Ele, que não é candidato à reeleição, foi orientado pelas
autoridades a manter conversas com integrantes do grupo que o procuraram para
oferecer a fraude.
"É
preparado o nome e número dos felizardos e programado pra que ganhe com em
torno de 10% sobre o segundo colocado", diz um integrante do grupo em uma
das gravações.
"No
momento em que é dado o comando pra fazer o 'backup' dessas informações pra
depois remetê-las ao TRE, o programa executa a troca", continua, segundo
áudio.
Ainda
segundo a PF, os criminosos afirmavam ter contato com a empresa que atualizava
o sistema empregado nas urnas eletrônicas. A quadrilha cobraria R$ 5 milhões
para fraudar a eleição para prefeito e R$ 600 mil para o pleito de vereadores.
O
grupo foi investigado por cerca de um mês e meio. Conforme a PF, tinha sede em
Brasília e algumas ramificações.
Além
dos mandados de prisão, foram cumpridos três mandados de condução coercitiva -
quando a pessoa é levada para prestar depoimento - em Xangri-Lá, Canoas (RS) e
Piripiri (PI), e cinco mandados de busca e apreensão em Canoas, Xangri-Lá,
Goiania (GO) e dois em Brasília (DF).
Esquema
"não passaria de engodo", diz delegado
Em
entrevista coletiva no fim da manhã, o delegado de defesa institucional
Fernando Casarin explicou que a conversa gravada era sobre a alteração de algoritmo
ou código binário, e que a fraude seria realizada pela empresa que, em tese,
forneceria o software para a Justiça Eleitoral.
"Na
verdade, se trata de um puro e simples estelionato", destacou. "Até
por uma questão da garantia e para reforçar a questão da credibilidade da urna
eleitoral, a deflagração [da operação] hoje é porque de 14 a 23 de setembro é o
período em que as urnas eletrônicas são carregadas pelos servidores da Justiça
Eleitoral", acrescentou o delegado.
Segundo
Casarin, o grupo apostava "na lábia" para conseguir candidatos para
entrar no esquema. "Eles chegavam ao ponto de afirmar que garantiam, davam
certeza absoluta que eles conseguiriam fraudar. O que, na verdade, se constatou
que não passaria de um grande engodo", resumiu.
Os
presos deverão responder pelos crimes de organização criminosa e estelionato,
já que a investigação constatou que não há indícios de que seria possível
fraudar as urnas eletrônicas. Somadas, as penas variam de 4 a 13 anos de
prisão.
Também
não foi verificada a conexão entre os suspeitos e a empresa que atualiza o
sistema das urnas.
A
urna eletrônica possui mecanismos de segurança que garantem que somente os
programas gerados na cerimônia de lacração possam ser executados com status de
aplicação oficial, conforme informações do Tribunal Regional Eleitoral do Rio
Grande do Sul (TRE-RS). Esta é a única oportunidade em que a chave de
assinatura oficial dos sistemas é utilizada. Nela, os programas são
inspecionados, de modo que não há como alguém gerar um programa malicioso para
fraudar a eleição.
G1
Nenhum comentário