Sonegação de bandas pode ser de R$ 500 mi, diz PF; Aviões é investigado.
As
fraudes no Imposto de Renda investigadas pela Polícia Federal (PF) e a Receita
em um dos maiores grupos empresariais de forró do país podem chegar a R$ 500
milhões, segundo divulgou a PF em coletiva nesta terça-feira (18). Pelo menos
quatro bandas administradas pela A3 Entretenimento são investigadas, entre elas
a Aviões do Forró.
O
grupo alvo da operação "For All", deflagrada nesta manhã, é
responsável por famosas bandas de forró e casas de show no Ceará. Segundo a PF,
as bandas declaravam apenas 20% do que ganhavam.
Aviões do Forró
Os
vocalistas Xand e Solange Almeida foram ouvidos na sede da PF, em Fortaleza.
Segundo a polícia, eles não foram indiciados formalmente, apenas prestaram
esclarecimentos. Os empresários Isaías Duarte e Carlos Aristides, do grupo A3
Entretenimento, também foram levados para prestar informações na PF.
Ao
G1, por e-mail, a banda Aviões do Forró informou "que está à disposição da
Polícia Federal e da Justiça e que colaborará com todos os questionamentos em
relação à operação".
O esquema
A delegada
PF Doralucia Oliveira explicou que "causou estranheza" quando foram
analisados os valores médios dos cachês das bandas, a quantidade de shows
realizados e divulgados em agenda pela internet, e os valores declarados ao
Imposto de Renda.
As
investigações são relativas aos anos de 2012 e 2014. "Os contratos eram
feitos com 20% do valor efetivo, e o resto circulava por fora com valor em
espécie", informou a delegada. Somente com relação às bandas, a sonegação
seria em torno de R$ 121 milhões.
Foram
cumpridos 32 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor
e depois é liberada), sendo 26 de pessoas jurídicas e 6 de pessoas físicas. A
PF apreendeu 163 bens imóveis, além de 38 veículos de pessoa física e 37 de
pessoas jurídicas.
A
Polícia Federal disse ainda que vai abrir "ampla fiscalização em pessoas
físicas e jurídicas para, a partir daí, materializar os valores que compõem a
sonegação". Há apenas um mandado sendo cumprido na Paraíba; os demais são
no Ceará.
A operação
Segundo
a PF, o nome da operação faz referência à expressão da língua inglesa "For
All", que significa "para todos" em português. Há notícias de
que no início do século XX, engenheiros britânicos instalados em Pernambuco
para construir uma ferrovia promoviam bailes abertos ao público, "para
todos". O termo passou a ser pronunciado "forró". "O nome
da operação veio dessa origem popular da palavra forró, principal ramo de
atividade do grupo investigado", diz a polícia.
Cerca
de 260 policiais federais e 35 auditores participam da operação em Fortaleza,
Russas e Sousa (PB). Segundo a delegada da PF, uma das pessoas investigadas na
operação teria domicílio na cidade paraibana.
Bloqueio de bens
A
Justiça Federal decretou o bloqueio de imóveis e a apreensão de veículos
pertencentes a pessoas ligadas ao grupo.
Há
indícios de que os integrantes da organização forneciam dados falsos ou omitiam
informações nas suas declarações de Imposto de Renda pessoa física e jurídica,
para eximir-se da cobrança de tributos.
Segundo
a PF, o grupo ainda adquiria bens, como veículos e imóveis, sem declarar ao
Fisco. Foram encontradas divergências sobre valores pagos a título de
distribuição de lucros e dividendos, movimentações bancárias incompatíveis com
os rendimentos declarados, pagamentos elevados em espécie, além das diversas
variações patrimoniais a descoberto.
No
decorrer da investigação, foram identificados indícios de lavagem de capitais,
falsidade ideológica e associação criminosa.
"As
medidas judiciais cumpridas hoje pela Polícia Federal têm por finalidade buscar
a responsabilização das pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo
empresarial e possibilitar que Receita Federal se municie de elementos
suficientes permitindo uma real avaliação dos possíveis tributos
sonegados", informou a PF.
A
Receita Federal divulgou que as investigações iniciaram em 2012 e foram
aprofundadas a partir de 2014, com parceria da Polícia Federal e do Ministério
Público.
G1
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