Vereadores em cidade da PB aprovam 100% de reajuste nos próprios salários.
Os
vereadores da cidade de São Sebastião de Lagoa de Roça aprovaram no final de
setembro um reajuste de 100% em seus salários para a legislação que começa em
2017. Com o aumento, o salário passa dos atuais R$ 3,5 mil para R$ 7 mil, sendo
que o presidente da Câmara vai receber R$ 14 mil. O reajuste inclui o salário
do prefeito, que passa de R$ 14 mil para R$ 18 mil. Enquanto isso, o salário
dos servidores municipais está atrasado, o que faz com professores estejam em
greve há mais de dois meses e os agentes de limpeza também parassem a coleta de
lixo.
Os
professores da cidade têm um piso salarial de R$ 1.712, mas estavam sem receber
desde agosto, sendo que o salário mais atrasado foi pago na segunda-feira (10).
Segundo informações do sindicato, a categoria não recebeu os 11% de reajuste
para equiparar o salário ao piso nacional e os professores já recorreram à
Justiça.
Alunos
com 90 dias de aulas
O
município tem cerca de 11 mil habitantes e os cerca de 130 professores fazem a
quarta paralisação este ano, fazendo com que mais de 1,5 mil alunos da rede
municipal tenham tido apenas 90 dias letivos de aulas nas 19 escolas, a maioria
na zona rural. Outros 1 mil alunos já foram transferidos para escolas de outros
municípios vizinhos. Com os atrasos, o comércio da cidade também sente, já que
a administração pública é responsável por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) da
cidade.
"Perdemos
alunos para os municípios vizinhos, porque já é a quarta paralisação. Perdemos
tanto para [as escolas] do estado, quanto municípios vizinhos", disse o
professor Arnaldo Gomes. "Por causa dessas greves, os alunos aprenderam
quase nada porque atrasou muito os alunos esse ano", reclama o estudante
da cidade, Saulo Davi, 13 anos.
Prefeita
diz que não sanciona
Quatro
dos nove vereadores da cidade foram reeleitos e vão ser beneficiados pela
medida. O presidente da Câmara Municipal de São Sebastião de Lagoa de Roça
disse que não iria se pronunciar sobre o assunto. Em nota, a Câmara afirmou que
cumpriu uma determinação constitucional, aprovando o aumento no fim de um
mandado para começar a valer no seguinte. A nota também considera que a medida
não extrapolou os limites permitidos por lei, que é de 30% dos salários dos
deputados estaduais.
"O
dinheiro do Fundeb não dá. Tem que completar com o FPM, setenta, oitenta, às
vezes até cem mil [reais]. E os recursos não estão dando. Eles prepararam esse
projeto pra mandar pra cá, pra mim assinar, mas eu já vinha com convicção de
não assinar", disse a prefeita Socorro Cardoso.
A
proposta agora segue para sanção da atual prefeita, Socorro Cardoso, que não
foi reeleita, mas diz que não sabia do projeto dos vereadores e que não vai
assinar o reajuste no salário de prefeito.
G1
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