Governo vai apresentar reforma da Previdência ainda este ano, diz secretário.
O
governo pretende apresentar ainda este ano a minuta da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) da Reforma da Previdência. O secretário de Acompanhamento
Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto de Almeida Júnior, antecipou hoje
(21) que os "20 slides" que explicam a reforma já estão prontos e a
intenção do governo é iniciar os debates após a aprovação da PEC do Teto de
Gastos.
Além
dos slides, estão prontas 140 telas que mostram a situação atual da Previdência
Social. Segundo o secretário, um dos principais gastos do governo é com o
pagamento de aposentados, que, segundo ele, têm parado de trabalhar cedo, com
50 anos, antes da média de outros países. Para aumentar a contribuição, a
proposta é uma "reforma dura", informou, com adoção de idade mínima
de 65 anos para se aposentar.
"Não
é normal pessoas se aposentarem com 50 anos. O país não aguenta mais pessoas se
aposentarem tão jovens. Na década 1950, aguentava, de 60, 70, sim, era um país
que tinha uma proporção [grande] de jovens, a economia, a força de trabalho
cresciam rápido. Não é mais o caso", afirmou. Nas contas do governo, para
cada aposentado, hoje, o país tem nove pessoas contribuindo, mas daqui a 30
anos, a proporção será reduzida para quatro. "Estamos passando por um
processo de mudança demográfica, que é muito sério, muito rápido e a gente não
se preparou para isso", alertou, durante seminário da Fundação Getúlio
Vargas, no Rio de Janeiro.
Mansueto
não deu muitos detalhes sobre reforma e disse que o governo quer primeiro
esclarecer ministros e discutir com empresários e sindicatos. Hoje, o
presidente Michel Temer abordou o tema na reunião do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, em Brasília. O
secretário da Fazenda disse que a reforma já encontra consensos.
"Vale
esperar para ver o que, de fato, o governo vai apresentar, mas algo que é
praticamente consensual, inclusive o ministro [Eliseu] Padilha (da Casa Civil)
já falou e o ministro [Henrique] Meirelles (Fazenda) já enfatizou é a questão
da idade mínima, que tem em todos os países, e será necessária no Brasil
também", afirmou “Para homem, normalmente 65 [anos], não sei como ficou a questão
da mulher”. Por causa das desigualdades econômicas e sociais ao longo da vida,
como a dupla jornada e os salários mais baixos, mulheres se aposentam antes.
Segundo o secretário, o governo pode equiparar a idade mínima, como em outros
países.
Para
uma plateia de especialistas, o secretário da Fazenda explicou a proposta da
PEC 55, dizendo que o governo precisa cortar despesas para alcançar equilíbrio
nas contas, entre o que arrecada e o que gasta. Segundo Manzueto, não é
possível aumentar mais impostos, porque a carga tributária, no Brasil, está um
pouco acima da média da América Latina e dos países emergentes, de 32%, 23% e
27% do Produto Interno Bruto, respectivamente,
Mansueto
disse que o governo não vai mexer na PEC do Teto – a PEC 55 (antiga 241) – e que a tendência é
que a aprovação no Senado seja mais fácil do que na Câmara.
"Sempre
fui pessimista. Mas estou otimista? Estou. Porque, conversando com deputados e
senadores, eles agora têm percepção sobre o tamanho da crise. Quando se coloca
mais de 300 deputados, em um domingo à noite, no Palácio Alvorada, para escutar
economista falar da crise – e a gente colocou aqueles gráficos da dívida
pública, explodindo, e na quarta-feira (16), os senadores que agora, de fato,
estão com a percepção do tamanho do problema –
então há janela de oportunidades para a aprovar as reformas",
afirmou o secretário.
Conhecida
como PEC do Teto dos Gastos, a proposta que tramita no Senado determina que,
nos próximos 20 anos, o governo federal só poderá gastar o mesmo valor do ano
anterior corrigido pela inflação. Setores da sociedade civil criticam a
proposta e argumentam que irá reduzir os repasses para educação e saúde. O
governo federal alega que a PEC não reduzirá os repasses e que o ajuste fiscal
é necessário em um contexto de crise econômica.
Agência
Brasil
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