PF deflagra operação para investigar suposto esquema de fraude na Caixa.
A Polícia Federal (PF)
deflagrou hoje (13) a Operação Cui Bono para investigar suposto esquema de
fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal no período entre
2011 e 2013. Sete mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São
Paulo, no Distrito Federal, na Bahia e no Paraná.
Segundo a PF, o suposto
esquema contava com a participação, no período, do então vice-presidente de Pessoa
Jurídica da Caixa Econômica Federal, do vice-presidente de Gestão de Ativos do
banco e de um servidor da instituição cujo cargo não foi divulgado, além de
empresários e dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de
concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários e
de um operador do mercado financeiro.
Entre março de 2011 e
dezembro de 2013, a vice-presidência de Pessoa Jurídica da instituição era
ocupada pelo político Geddel Vieira Lima (PMDB). Ministro da Integração
Nacional entre 2007 e 2010, no segundo governo Lula, Geddel voltou ao governo
em maio de 2016 como ministro-chefe da Secretaria de Governo na gestão do
presidente Michel Temer.
O político deixou o cargo
em novembro do ano passado, por suspeita de ter atuado para beneficiar uma
construtora na Bahia. A acusação motivou a Comissão de Ética Pública da
Presidência da República a abrir procedimento para apurar a conduta ética do
ex-ministro.
A investigação da Operação
Cui Bono – expressão latina que em português significa “a quem beneficia?” – é
um desdobramento da Operação Catilinárias, deflagrada em dezembro de 2015, no
âmbito da Operação Lava Jato, quando policiais federais encontraram um telefone
celular na residência do então presidente da Câmara dos Deputados, o
ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que revelou intensa troca de
mensagens eletrônicas entre Cunha e Geddel. A operação tinha a finalidade de
evitar que provas importantes fossem destruídas por investigados da Lava Jato.
Eleito presidente da
Câmara em fevereiro de 2015, Cunha tornou-se alvo de denúncias, entre elas o
envolvimento em negócios ilícitos de empresas privadas com a Petrobras e a
manutenção de contas secretas no exterior. Afastado da presidência da Câmara,
Cunha teve o mandato cassado em setembro do ano passado por ter mentido na CPI
da Petrobras sobre a titularidade das contas. Cunha está preso em Curitiba
desde o dia 19 de outubro, no âmbito da Operação Lava Jato.
De acordo com a Polícia
Federal, as mensagens encontradas no celular apreendido na casa de Cunha
indicam que os investigados recebiam vantagem para liberar créditos da Caixa
Econômica para grandes empresas, o que pode indicar a prática dos crimes de
corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Como alguns dos
suspeitos gozavam de foro privilegiado, a investigação foi inicialmente
conduzida pelo Supremo Tribunal Federal. Depois de os principais suspeitos se
afastarem dos cargos e funções públicas, a Corte encaminhou o inquérito à
Justiça Federal no Distrito Federal.
Procurada, a assessoria do
PMDB informou que Geddel ainda não se pronunciou. A reportagem ainda não
conseguiu contato com o ex-ministro e com os advogados de Eduardo Cunha.
Em nota, a Caixa informou
que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita
colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado
pela instituição.
Agência Brasil
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