Saques ao FGTS poderão ser feitos a partir de março.
Tida como uma das medidas
mais populares do governo Temer, a liberação do saldo de contas inativas do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) já tem data prevista para começar.
Em 13 de março, uma primeira leva de trabalhadores poderá sacar os recursos, de
acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO. E, até o dia 31 de julho, todos os
brasileiros que têm dinheiro nessas contas poderão fazer o resgate do montante
acumulado nos anos de serviço. O governo espera que 15 milhões de pessoas
realizem os saques. Ao todo, R$ 30 bilhões devem entrar em circulação na
economia brasileira com a medida, o equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto
(PIB, a soma de bens e serviços produzidos no país).
O presidente Michel Temer
ainda tem de aprovar o calendário apresentado pela Caixa Econômica Federal. De
acordo com assessores próximos, isso deve acontecer até a semana que vem.
A ideia era começar a
liberar os recursos em fevereiro, mas isso não será possível por uma questão
técnica. Para permitir os saques, há toda uma logística que deve ser montada
pela instituição, como o treinamento dos funcionários, a organização das
agências e a criação de um serviço telefônico 0800 para tirar dúvidas dos
trabalhadores.
"Tem de pensar que
deve ser uma enorme pressão sobre o banco. Imagine que é uma operação maior que
o pagamento de todo o programa Bolsa Família, que tem 14 milhões de famílias
beneficiadas", ressaltou um interlocutor do presidente.
Sem
restrição de valor
Embora ainda tenha de
aprovar o cronograma apresentado pela Caixa, Michel Temer já decidiu que não
haverá restrição para os saques. Em evento nesta quinta-feira, em Ribeirão
Preto, no interior paulista, o presidente apontou a liberação dos R$ 30 bilhões
das contas inativas do FGTS como uma medida fundamental à retomada da economia
e negou que esteja considerando a possibilidade de restringir o saque em contas
com montantes expressivos.
"Quero declarar
publicamente que não houve nenhuma modificação. Quem tiver contas inativas vai
poder sacá-las", afirmou.
Com o saldo de contas
inativas do FGTS, brasileiros endividados poderão quitar débitos e evitar o
pagamento de juros altos, além de diminuir a inadimplência. Já quem não tem
pendências poderá procurar uma aplicação financeira bem mais atraente que o
FGTS.
Isso porque o FGTS rende
apenas cerca de 3% ao ano. Ou seja, o trabalhador perde anualmente um pedaço
dessa poupança para a inflação, que ficou em 6,29% no ano passado. Em 2015, a
perda foi muito maior, porque a alta dos preços foi de 10,67%.
O governo já decidiu
também que os trabalhadores serão chamados segundo a data de aniversário, como
antecipado pelo GLOBO. Em março, terão o direto de sacar o FGTS de contas inativas
as pessoas que nasceram em janeiro e fevereiro. Nos quatro meses seguintes,
seriam liberadas as contas das demais pessoas, em etapas, de acordo com o mês
de nascimento.
Caixa
estuda pagar em casas lotéricas
Para facilitar a
logística, a Caixa estuda creditar os valores que ficarão disponíveis para
aqueles trabalhadores que têm conta no banco. E, para auxiliar o pagamento de
valores menores, o banco estuda fazer os repasses por meio de correspondentes
bancários, como as casas lotéricas.
O banco ainda trabalha com
a possibilidade de informar os trabalhadores sobre a liberação do saque por
mensagem de texto no celular. Por isso, a instituição financeira corre para
atualizar o banco de dados.
Atualmente, há 18,6
milhões de contas inativas no FGTS. O saldo delas é de R$ 41 bilhões. Serão
beneficiados com os saques todos os trabalhadores que pediram demissão ou foram
demitidos por justa causa até o fim de 2015. A medida não vale para pessoas que
permanecem no mesmo emprego, mas têm conta inativa porque a empresa mudou de
CNPJ.
O governo espera que, com
a liberação desses recursos, haja não apenas a regularização de dívidas das
famílias, mas um aquecimento dos setores de comércio e serviços. Isso pode
melhorar a previsão de crescimento para o ano que vem.
A previsão dos analistas
do mercado financeiro é que o Brasil crescerá apenas 0,5% neste ano. No fim do
ano passado, essa estimativa estava em queda, e o governo procurava medidas
para reverter o pessimismo em relação à economia brasileira.
Por Agência Globo
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