Não é verdade! Conselho Tutelar pede prisão de pai que ensina a profissão de pedreiro ao filho em vídeo.
Circula pelas redes
sociais uma notícia intitulada 'Conselho Tutelar pede a prisão de pai que
gravou vídeo ensinando a profissão de pedreiro ao filho'. Ela é falsa.
O texto compartilhado
repercutiu e levantou o debate sobre o trabalho infantil. Muitos ficaram
revoltados com a ideia de o pai ter sido preso por ensinar o filho a trabalhar.
Outros se preocuparam com a situação da criança, dizendo que ela devia estar na
escola.
O G1 localizou os
personagens do vídeo. O pedreiro Francisco Nascimento Fonseca, pai do garoto
Etni Sampaio Fonseca, de 12 anos, diz que chegou a se apresentar ao Conselho
Tutelar de Parauapebas, no Pará, após a repercussão do caso. Mas não houve
pedido de prisão. O Conselho Tutelar confirma que a notícia do pedido de prisão
não procede.
"Graças a Deus me
receberam superbem e me disseram que não tinha nada a ver, até porque o rapaz
está estudando muito bem, nunca reprovou, continua estudando tranquilamente.
Está fazendo a sétima série e está tudo ok", conta.
Fonseca enviou ao G1 o
vídeo original que mostra Etni trabalhando, enquanto a pessoa que faz a
gravação, um tio da criança, diz: "Esse é o mais novo pedreiro da família
Fonseca. Tal pai, tal filho". O pai também aparece falando na gravação:
"Camarada considerado, senhor Etni, pedreiro mirim. É um homem que só não
tem muito tamanho ainda, mas também é novo, vai crescer, vai crescer
trabalhando".
Em um novo vídeo feito em
casa e enviado ao G1, Fonseca aparece ao lado do filho, que toca violão.
"Quem vê um video como esse pode observar que meu garoto não tem
trabalhado forçado a nada, que tem feito com alegria, mas, mesmo assim, ainda
saiu alguém dizendo que é trabalho forçado. Não é nada disso. Muitas pessoas
maldosas tentam me prejudicar."
Etni também fala na
filmagem: "Eu nunca fui forçado a trabalhar pelo meu pai, sempre trabalhei
com ele porque sempre tive orgulho dele e sempre continuarei assim. Quero dizer
que tenho meus momentos de lazer, sou aprendiz de violão e toco um pouquinho de
bateria".
O G1 procurou o Conselho
Tutelar de Parauapebas, que enviou uma nota na qual diz não proceder a
informação de que houve pedido de prisão do pai. Segundo a nota, o Conselho
Tutelar é contra o trabalho infantil e também combate crimes e exploração contra
crianças e adolescentes. No caso em questão, no entanto, a denúncia não tem
fundamento, diz o órgão.
A foto do pai sendo preso,
usada para a chamada da reportagem nas redes sociais, foi copiada de uma
reportagem publicada em 2016, em Minas Gerais, que mostrava um suspeito de
anunciar o bebê em um site de vendas. O G1 também noticiou esse caso na época;
nas imagens, é possível ver a roupa do suspeito da foto.
O sociólogo Paulo César
Oliveira, coordenador geral de fortalecimento de conselhos da Secretaria
Nacional da Criança e do Adolescente, do Ministério dos Direitos Humanos,
afirma que não é comum os conselhos tutelares pedirem a prisão de pais em casos
como esse. O Brasil tem cerca de 6 mil conselhos, com 30 mil conselheiros
tutelares.
"O conselho é zelador
do cumprimento do direito. Se identificar que isso aconteceu com frequência,
que a criança é exposta a matérias nocivos, o conselho pode tomar as medidas
para proteger a criança. Mas comumente o conselho não tem linha de atuação de
pedir a prisão do pai", afirma.
Apesar de o caso do Pará
ter sido esclarecido, Oliveira chama a atenção para o fato de o país ainda ter
3,5 milhões de pessoas entre 5 e 17 anos forçadas a fazer trabalho infantil.
G1
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