ATENÇÃO: Crise nervosa revela participação de jovem no "jogo da baleia azul".
"Ninguém ia ver, era
fácil para eu jogar e comecei a jogar", disse um adolescente de 16 anos
que participou do "jogo da baleia azul"
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RIO — Uma crise nervosa por
causa de um celular quebrado contribuiu para a família de um adolescente de 16
anos que mora em Bauru, a 323 km de São Paulo, descobrir que ele estava
participando do "jogo da baleia azul". Após completar 22 etapas do
desafio, que estimula a automutilação e o suicídio de jovens, o celular do
estudante quebrou. Ao pedir que o pai pagasse pelo conserto do aparelho, a
resposta foi negativa e então o adolescente iniciou uma discussão que fez com
que a verdade viesse à tona.
A mãe do jovem contou que
quando seu ex-marido levou o filho para sua casa, também em Bauru, o
adolescente estava transtornado.
— O pai dele se aproximou de
mim e conversamos no carro, enquanto nosso filho saiu e foi para debaixo de uma
árvore próxima. Eu quis saber o motivo da briga. Então ele me disse que já
tinha mandado consertar o celular havia pouquíssimo tempo, e foi um conserto
caro, então quando meu filho o quebrou novamente, meu ex-marido disse que dessa
vez não poderia resolver — explicou.
Ter acesso ao celular era
necessário para o adolescente continuar a receber as mensagens do "curador
do jogo", responsável por enviar os próximos desafios, e respondê-lo com
as fotos do corpo automutilado para comprovar a participação no "baleia
azul". Ao falar com o adolescente, a mãe notou que havia um corte em seu
rosto e perguntou se foi o pai quem lhe fez aquilo durante a discussão.
— Depois de muito tempo
conversando, ele admitiu que estava fazendo parte do "jogo" e que ele
mesmo fez os cortes, tanto no rosto, quanto nos braços — disse.
Ainda segundo ela, como as
roupas cobriam os cortes, o pai e ela não haviam desconfiado de nada.
— A gente acaba deixando
muita coisa passar — lamentou a mãe.
O adolescente passou a morar
com ela em outro bairro da cidade e, com isso, também mudou de escola. Ao
GLOBO, ele afirmou que o interesse pelo jogo surgiu quando assistiu a um vídeo
sobre os desafios em uma rede social.
— Um dia eu fui numa
psicóloga e ela disse que eu tinha depressão, aí pus na cabeça que tinha
depressão. Vi um vídeo desse jogo e quis participar. Ninguém ia ver, era fácil
para eu jogar e comecei a jogar. Esse jogo é velho, é mais velho que o Orkut —
disse o adolescente
No entanto, a mãe ressaltou
que o filho aparentou ter melhorado depois de receber ajuda psicológica.
— Ele tinha muita
dificuldade de relacionamento com os colegas da escola, era completamente
isolado, não gostava de ter amigos, nem que falassem com ele na sala de aula.
Mas, começou a fazer o tratamento com o psiquiatra e deu uma melhorada na
escola, mas só lá, em casa ele continuava quieto, no computador. E agora que
começava a mudar um pouco, aí vem essa bomba — afirmou a mãe do jovem.
Apesar de não ter contado
que estava participando do "jogo" para ninguém na escola, o
adolescente disse que um colega que sentava perto dele na sala de aula viu um
dos cortes em seu braço e ficou interessado em saber do que aquilo se tratava.
— Falei que estava escrito
"I am whale", que é a frase de quem está participando do jogo. Ele
pediu para participar também, mas eu falei que não — contou o adolescente.
A mãe fica preocupada com a
vida social do filho porque, nos fins de semana, ele não costuma sair com
outras pessoas, pois "fica muito tempo conversando com amigos
virtuais", ela disse.
Após deixar o
"jogo", a expectativa da família é de mudança e recomeço. Além de ir
para a nova escola, no turno da manhã, o adolescente começará a trabalhar, no
período da tarde. Segundo a mãe, agora será tudo monitorado, 24h por dia.
— A gente o leva e busca nos
lugares. Ele voltou a fazer tratamento psicológico, porque ele já tinha feito,
mas parado. Agora ele vai retomar o tratamento com outros especialistas, um
neuropsiquiatra e um psicólogo. Vai começar uma vida nova — concluiu ela.
O Globo
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