Deputados ainda questionam pontos da PEC da Previdência; governo está otimista.
Arthur Oliveira Maia (PPS - BA) |
Mesmo com a disposição do
governo para flexibilizar pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
287/2016, que trata da reforma da Previdência, o tema continua sensível,
inclusive para partidos da base aliada do presidente Michel Temer. Os
principais questionamentos são a idade mínima unificada de 65 anos (para homens
e mulheres) e os 49 anos de contribuição para ter acesso ao benefício integral.
O relator da reforma da
Previdência na Câmara, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) fará no próximo dia 18 a
leitura de seu relatório na comissão especial de análise da PEC 287. Espera-se
que o texto modifique cinco pontos polêmicos da reforma, conforme autorizado
por Temer na última semana. São eles: regra de transição para quem está na
ativa, aposentadoria do trabalhador rural, aposentadoria especial para
professores e policiais, pensão por morte e o Benefício de Prestação Continuada
(BPC), pago a deficientes físicos e idosos sem condições de sustento. Os temas
são citados recorrentemente nas 130 emendas apresentadas por parlamentares ao
texto.
Mesmo com as mudanças, o
governo ainda tem discordâncias a contornar. O deputado Paulo Pereira da Silva
(Solidariedade-SP), cujo partido integra a base de Temer, acredita que as
alterações ainda não são suficientes para garantir a aprovação da reforma.
“O governo recuou em
pontos que não considero que resolveram o problema. Acho que o principal
problema da reforma é a idade mínima e a transição. Hoje não existe idade
mínima. Então, se você sai de zero para 65 anos, não tem nenhuma possibilidade
de ter acordo. É muita coisa”, afirma o deputado, que preside a central Força
Sindical, contrária à reforma.
Paulo Pereira da Silva é
autor de uma emenda à reforma que reduz a idade mínima única de 65 anos a 58
anos para mulheres e 60 anos para homens. Outra alteração é que, pela emenda, o
cálculo do valor da aposentadoria começaria com 60% da média das contribuições
e não com os 50% previstos na proposta do governo. Assim, com o acréscimo de 1
ponto percentual por ano trabalhado, o tempo para acesso ao benefício integral
cai de 49 para 40 anos. A emenda muda ainda à regra de transição.
O Palácio do Planalto,
entretanto, está otimista com a aprovação do relatório do deputado Arthur Maia
na comissão especial da reforma da Previdência. Na avaliação do governo, a
flexibilização de cinco pontos da proposta ajudou a conseguir mais votos
favoráveis. Neste domingo, o presidente Michel Temer vai reunir líderes da base
aliada na Câmara, o relator da reforma da Previdência, Arthur Maia, o
presidente da comissão criada para debater o tema, Carlos Marun (PMDB-MS), e o
presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em um jantar para tratar do tema.
A redução do tempo para
acessar o benefício integral também foi uma condicionante colocada pelo PSDB,
outro partido da base aliada de Michel Temer. O deputado Eduardo Barbosa
(PSDB-MG), autor de emenda que mantém o pagamento do BPC nos moldes atuais,
informou que os deputados do seu partido na comissão especial elencaram dez
itens a serem aprimorados no texto da reforma.
Entre eles está o cálculo
a partir de 60% da média das contribuições. Outras reivindicações foram a
possibilidade de acúmulo de pensões e aposentadorias até o teto do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), uma regra de transição escalonada e a
garantia de aposentadoria integral no caso de invalidez independente se o
trabalhador tornou-se inválido dentro ou fora do local de trabalho.
Oposição
Além das discordâncias na
base o governo terá de encarar os partidos de oposição, os maiores críticos da
reforma. O deputado Pedro Uczai (PT-SC), autor de emendas que suprimem os
trechos na PEC 287 relacionados ao trabalhador rural e à aposentadoria especial
para professores, acredita que a proposta será aprovada na comissão especial,
mas enfrentará dificuldades no plenário da Casa.
“Na comissão eles
[governo] vão ter maioria, mas no Plenário eles vão perder. Estamos
apresentando emendas supressivas. Não estamos acrescentando nada, porque somos
contra a reforma. Não adianta fazer um remendo aqui, outro lá. O conjunto da
obra é maléfico e por isso está tendo essa reação da sociedade como um todo”,
opinou o parlamentar.
Agência Brasil
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