Crimes contra a honra nas redes sociais vem sendo alvo de ações judiciais.
Está se tornando cada vez
mais frequente o ingresso de ações judiciais envolvendo crimes praticados em
redes sociais, especialmente, Facebook, Instagram, e aplicativos como Whatsapp,
entre outros. Na maioria dos casos, ações judiciais envolvendo crimes contra a
honra, ou seja, crimes de calúnia, difamação e injúria, previstos nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal
Brasileiro.
É importante fazer uma
distinção entre estes três crimes, para assim poder identificá-los e
visualizá-los. O crime de calúnia (art. 138, CP), configura-se quando o
indivíduo atribui falsamente a outro, um fato definido como crime, ou seja, a
pessoa é acusada de um crime que não ocorreu ou o crime pode ter sido
praticado, mas a pessoa não tem nenhum tipo de responsabilidade ou envolvimento
em relação a ele. O crime de difamação (art. 139, CP), configura-se quando é
atribuído a uma pessoa um fato ofensivo à sua reputação, de modo que não a
torne merecedora de respeito no convívio social. Atinge a honra objetiva da
pessoa, ou seja, “queima o filme” dela, tornando-a malvista perante terceiros
ou uma sociedade. O crime de injúria (art. 140, CP), por seu turno, configura-se
com a ofensa à dignidade ou ao decoro de uma pessoa, mediante xingamento ou
atribuição de qualidade negativa, ou seja, quando o indivíduo ofende, insulta,
fala mal de outro, de modo a abalar o conceito que a vítima tem de si própria,
atingindo, portanto, a autoestima.
É importante registrar que
estes crimes dizem respeito à opinião de terceiros no tocante aos atributos
físicos, intelectuais e morais da pessoa, ou seja, quando falamos que
determinada pessoa tem boa ou má reputação no meio social, referindo-se a seus
conceitos perante a sociedade; e referem-se também à opinião que a pessoa tem
de si mesmo, atingindo seu amor próprio, sua autoestima. A honra nada mais é do
que o conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais do ser humano, que
o fazem merecedor de respeito no meio social em que vive. Honra, melhor
dizendo, é um sentimento natural, inerente a todo ser humano, cuja ofensa
produz uma significativa dor psíquica, um abalo moral, geralmente acompanhados
de atos de repulsão ao ofensor.
A honra, portanto, é
patrimônio moral do indivíduo, considerado direito fundamental do ser humano,
conforme estabelece o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, sendo
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Desse modo, a liberdade de expressão (que é o direito de expor livremente
opiniões, pensamentos e ideias), encontra limitações, conforme visto em nossa
legislação. Cada um tem direito a ter sua opinião, contudo, será responsável
pela exteriorização desta opinião. Nem tudo o que se exterioriza é protegido
pela lei, a exemplo dos xingamentos e ofensas à honra do indivíduo, que podem
ser punidos.
Portanto, publicações com conteúdos
ofensivos em redes sociais e aplicativos, que vem se tornando cada vez mais
frequentes, também estão sendo alvo do ingresso de ações judiciais, sejam
indenizações de cunho moral ou patrimonial, sejam ações criminais, devido aos
excessos indevidos da liberdade de expressão e à proteção que a lei assegura à
honra do indivíduo, sendo importante consignar que as redes sociais e
aplicativos tem grande alcance de público, tornando a exposição da pessoa, o
dano e suas consequências ainda maiores. Fiquem atentos!
*Por Flavia Cristina Jeronimo
Correa - Advogada
Nenhum comentário