Temer se diz vítima de "conspiração", nega renúncia e avalia pronunciamento.
BRASÍLIA - No dia seguinte à
reportagem do GLOBO que revelou que o presidente Michel Temer (foto), deu aval para
comprar o silêncio de Eduardo Cunha, Temer disse ser vítima de
"conspiração", que está "firme" e que não vai renunciar. O
presidente derrubou 17 reuniões nesta quinta-feira e avalia fazer
pronunciamento em rede nacional de rádio e TV.
O peemedebista prometeu um
pronunciamento nacional para rádios e televisões, o que é discutido em reunião
com os ministros palacianos Moreira Franco (Secretaria Geral), Eliseu Padilha
(Casa Civil), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), além do porta-voz e
auxiliares. Temer teria audiências, desde as 8h, de meia em meia hora: 19
encontros com parlamentares. Em vez disso, só fez a das 8h, com Petecão, e às
10h entrou em "despachos internos" com os auxiliares. Os avisos de
cancelamento de reuniões começaram a ser disparados a senadores e deputados a
partir das 9h.
— O presidente disse várias
vezes que isso é uma conspiração. Ele estava muito firme e lamentou muito toda
a situação. Disse que está firme e que não vai renunciar, não vai cair —
declarou o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) ao GLOBO. Também estavam na
audiência, marcada há cerca de um mês, o deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) e o senador
Gladson Cameli (PP-AC). Petecão disse também que Temer estava com expressão
"tranquila" e que lamentou: afirmou que as reformas estavam indo
"tão bem".
O Palácio do Planalto está
preparado para um pronunciamento de Temer: o salão leste está com luzes e
sistema de som ligados e câmeras da TV estatal NBR a postos. Dois púlpitos
estão prontos: o do presidente e o do porta-voz, o embaixador Alexandre Parola.
De acordo com Petecão, Temer
não comentou sobre o senador Aécio Neves. A coluna Lauro Jardim, do GLOBO,
também mostrou que o tucano foi gravado pedindo dinheiro para o empresário
Joesley Batista, dono da JBS, em delação. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou
o afastamento de Aécio e vai julgar, em plenário, se ele será preso. A irmã do
senador foi presa na manhã desta quinta-feira.
— O presidente lamentou:
disse que o país e as reformas estavam indo tão bem... Temer afirmou que já
pediu esses supostos áudios e vídeos, e assim que conseguir, vai fazer um
pronunciamento à rádio e TV nacionais — contou Petecão, que prestou
"solidariedade" a Temer, e até pediu desculpas pela reunião logo
cedo, nesta quinta-feira. Ele também diz que pensou que o encontro seria
desmarcado.
— Eu até cortei meu cabelo
ontem para essa audiência com Temer — completou.
Com vistas a dar ares de
normalidade após as notícias desta quarta-feira, Temer havia marcado audiências
com 20 parlamentares. Entre eles, o pastor Silas Malafaia e até o deputado
estadual do Rio, Geraldo Pudim
No julgamento do impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado, dois dias antes do afastamento
definitivo, Petecão perguntou que pacto com diabo ela havia feito para ser
reeleita.
— A senhora teria condições
de dizer que pacto foi feito com o diabo para chegar à reeleição? Porque deu
tudo errado. Não seria melhor ter feito um pacto com Deus? — questionou o
senador, ironizando uma frase de Dilma em 2013:
— Podemos fazer o diabo na
hora da eleição, mas, no exercício do mandato, temos que nos respeitar, pois
fomos eleitos pelo voto direto.
O Globo
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