MPF diz que Geddel é "criminoso em série" e faz do crime "carreira profissional".
Ministério Público Federal
afirmou no pedido de prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) que o
peemedebista é um "criminoso em série" e que faz dos crimes
financeiros e contra a administração pública "sua própria carreira
profissional".
Em nota, a defesa de Geddel
afirmou que o decreto de prisão é "desnecessário" e criticou a
investigação. O advogado Gamil Föppel disse ainda que há "uma preocupação
policialesca muito mais voltada às repercussões da investigação para grande
imprensa, do que efetivamente a apuração de todos os fatos".
A prisão de Geddel foi
decretada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal
do Distrito Federal. Ele foi detido na Bahia e transferido para Brasília na
madrugada desta terça-feira (4).
O ex-ministro é suspeito de
agir para atrapalhar investigações da Operação Cui Bono, que apura fraudes na
liberação de crédito da Caixa Econômica – ele foi vice-presidente de Pessoa
Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff.
"É importante registrar
que há indícios de participação de Geddel Vieira Lima em diversos outros
esquemas criminosos semelhantes ao da situação analisada, dentro os quais os
investigados nas operações Lava Jato, Sépsis, Cui Bono e Greenfield, como pode
ser observado nos elementos probatórios já divulgados publicamente referentes à
mencionadas operações. Noutras palavras, Geddel Vieira Lima adequar-se-ia à figura
do 'serial criminoso' ou 'criminoso em série', ou seja, criminoso habitual que
faz de uma dada espécie de crime (neste caso, crimes financeiros e contra a
administração pública) sua própria carreira profissional", disse o MPF no
pedido.
O MP afirmou que as diversas
fases da Lava Jato mostram um "quadro perturbador de corrupção
sistêmica" e que a prisão do ex-ministro é necessária para
"interromper a continuidade delitiva".
"Para preservar a ordem
pública, em um quadro de corrupção sistêmica e de reiteração delitiva,
justifica-se a prisão preventiva de Geddel Vieira Lima nesse juízo. A medida,
além de prevenir o envolvimento do investigado em outros esquemas criminosos,
também terá o salutar efeito de impedir ou dificultar novas condutas
criminosas."
Conforme o pedido de prisão,
depoimentos recentes de Lúcio Funaro, preso desde julho do ano passado, e de
executivos da JBS mostram que Geddel estava atuando para atrapalhar as
investigações da Lava Jato e para evitar que Funaro e o ex-presidente da Câmara,
o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fizessem acordo de delação
premiada.
"Todos esses fatos são
recentes, continuam a ocorrer e revelam, inequivocamente, que Geddel Vieira
Lima tem agido sistematicamente para atrapalhar as investigações, seja assegurando
o pagamento e recebimento de vantagens indevidas para evitar uma possível
delação de Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro, seja para monitorar e, se for o
caso, agir prontamente, para constranger Lúcio Funaro a não celebrar acordo com
essa mesma finalidade", afirmou o MP.
Ao autorizar a prisão de
Geddel, o juiz Vallisney de Souza Oliveira afirmou que a suposta pressão que o
peemedebista exerceu sobre o Lúcio Funaro é um fato "gravíssimo".
No despacho, o juiz federal
também afirma que não é a primeira vez que o ex-ministro "tenta persuadir
pessoas ou pressioná-las". Ele afirma que, no pedido de prisão, a Polícia
Federal e o MPF relembraram o caso em que Geddel teria pressionado o então
ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar um empreendimento imobiliário
em Salvador.
G1
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