Time com 9, único goleiro fora e artilheiro no gol: a estreia da Picuiense na 2ª divisão.
Os jogadores começam a
entrar em campo. Um por um para o grande momento da temporada daquele time
pequeno, que estreava na 2ª divisão do Campeonato Paraibano. Entra o primeiro
jogador. Depois, o segundo. E os outros seguem em linha reta em direção ao
campo do Estádio Presidente Vargas, em Campina Grande. De repente, contudo, o
fluxo para bem antes da hora. Provoca estranheza em quem vê a cena. Mas é
aquilo mesmo. A Picuiense entra em campo com apenas um goleiro, oito jogadores
de linha, o técnico Hélio Cabral e dois auxiliares. Todo o resto é previamente
vetado por não terem sido regularizados a tempo no Boletim Informativo Diário
da CBF.
Uma cena melancólica. Que
evidencia um lado amador no futebol profissional da Paraíba. A situação ficaria
ainda pior. No aquecimento dos poucos jogadores do time, o goleiro, o único
apto para a partida, machucou a mão. Sofreu uma luxação no pulso, foi levado à
ambulância e lá receberia o veredito de que não teria condições de jogo.
Mas David, o goleiro que tem
nome de herói mítico e que enfrenta desafios gigantescos, desobedeceu a ordem
médica. Foi para o campo. E lá permaneceu até os 36 minutos do segundo tempo,
quando saiu de campo aos prantos, com dores insuportáveis na mão machucada.
Naquele momento, a partida,
que já tinha ares de drama, já estava definida: 5 a 0 para o Sport Campina, um
time com histórico de derrotas largas e campanhas desastrosas que, desta vez,
aproveitando talvez a vantagem numérica, conseguia pela primeira vez em sua
história aplicar uma goleada num rival.
Mas o jogo teria outras
novidades. Na Picuiense, o veterano Nêgo Pai foi improvisado no gol em
substituição ao goleiro de seu time. Não sofreria mais nenhum gol. E ainda
faria o gol de honra da Picuiense, em cobrança de pênalti perfeita, aos 44
minutos do 2º tempo.
Foi, portanto, daqueles
jogos em que acontece de tudo. De tudo mesmo. Mas visto por quase ninguém.
Apenas 15 pagantes, 43 não pagantes (uma proporção de quase 3 por 1) e meros R$
150 de renda.
Do banco de reservas,
completamente desolado, o técnico Hélio Cabral, ao lado apenas de auxiliar e
massagista e sem uma única peça para usar. Permaneceria a maior parte do tempo
silencioso, ainda que atento a cada lance da partida. Mas não tinha muito o que
fazer. Não tinha como mudar a história da partida.
- É tudo complicado, mas trabalhar
em time pequeno é assim. Sempre tem uma surpresa de última hora - desabafou
Hélio Cabral.
Ele, no entanto, mantém as
esperanças. Lembra que foi apenas a partida de estreia. E diz confiar numa
melhor sorte quando o resto dos jogadores forem finalmente regularizados.
- O time se comportou bem.
Levamos três gols de bola parada. Se estivéssemos com o time completo, o
resultado seria outro. Mas vamos trabalhar. Regularizar o resto dos jogadores e
vamos jogar de igual para igual contra a Perilima - finalizou.
Na partida, a vitória do
Sport Campina foi veio de forma quase natural, com os gols saindo um a um na
medida em que o tempo ia passando e o rival, sem peça de reposição, foi
cansando. Caíque abriu o placar aos 37 minutos do primeiro tempo, enquanto que
Léo Lima (aos 5), Kevin (aos 15), Maílson (aos 32) e Aleff (aos 34) marcaram oo
outros gols no segundo tempo. Nêgo Pai descontou, quando já atuava como
goleiro.
GE
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