Pirâmide financeira gera prejuízo de até R$ 5 milhões a 300 vítimas na PB, diz polícia.
Dezesseis pessoas foram
indiciadas por envolvimento em esquema de pirâmide financeira, lavagem de
dinheiro e associação criminosa na Paraíba. O delegado Lucas Sá explicou que o
prejuízo confirmado é de R$ 3 milhões no estado, mas pode chegar a R$ 5
milhões. Há cerca de 300 vítimas confirmadas, mas muitas se continuam sendo
enganadas pois os cabeças da pirâmide prometem ainda devolver o dinheiro,
segundo o delegado.
A Delegacia de Defraudações
e Falsificações de João Pessoa (DDF) concluiu nesta quarta-feira (6) as
investigações referentes à pirâmide financeira que envolve negócios esportivos
e entregou à Justiça no mesmo dia.
De acordo com o relatório, a
cota para entrar no negócio era de R$ 6.750 e os cabeças prometiam um retorno
mensal de R$ 2 mil por um período de um ano, desde que indicassem mais pessoas
para o negócio. Essa prática, segundo o delegado, já caracteriza o crime de
pirâmide financeira. “Tem gente que investiu de 50 mil até 100 mil neste
negócio”, disse o delegado.
Motos e carros foram
entregues à empresa como garantia de pagamento da cota, segundo o relatório da
DDF. Um vítima entregou uma Honda CB300, no valor de R$ 8 mil - que era seu
único bem - a um dos cabeças como garantia de pagamento da cota. O documento
diz que o líder se negou a assinar um contrato de entrega do veículo alegando
que tudo seria formalizado com o sistema da pirâmide.
Depois de um tempo, quando
as vítimas perceberam que não iria haver retorno financeiro a partir daquele
investimento, começaram a questionar a verdade do que foi prometido. Procuraram
os cabeças, disseram que iam registrar boletins de ocorrência e foram à
delegacia.
Em 15 de agosto, um dos
líderes foi preso pela DDF. Dênis Albuquerque é o suspeito de chefiar a
quadrilha que aplica os golpes financeiros. Mesmo após a prisão, há pessoas que
continuam sendo enganadas pelas pessoas da pirâmide, de acordo com Lucas Sá.
“Quando souberam da prisão,
muitos ficaram preocupados. Procuraram a DDF temendo ser presos. No entanto,
soube que recentemente eles voltaram a marcar reuniões com a promessa de que
estava tudo ‘OK’, ou seja, estão agindo livremente”, informou o delegado.
B.O. e promessa de dinheiro
de volta
O delegado informou que os
líderes da organização criminosa continuam prospectando mais pessoas e
ameaçando as vítimas que denunciaram o esquema à polícia. Em conversas de
WhatsApp, um dos líderes diz que quem indicou gente para dentro da pirâmide
também é culpado.
“Olá pessoal, fiz o BO ontem
e o delegado me disse, quem entrou é vítima, mas se colocou alguém é processado
por estelionatário, ou seja, muito de vocês indicou, então serão passivos de
processo” (sic), diz a mensagem de um dos líderes em um grupo nomeado “Justiçanad9”.
No mesmo grupo, em outro
momento, a mesma pessoa diz que os valores serão pagos mas quem prestou boletim
de ocorrência só vai receber o dinheiro via justiça. Indignados, um conjunto de
vítimas nomeou um grupo no aplicativo de “A espera de um milagre”.
Bitcoins e dólares
Um dos “treinadores” da
empresa suspeita de fraude, afirmava que os pagamentos seriam feitos em Bitcoin
- uma moeda digital.
“A partir de 300 dólares que
você tiver, em média de 13 a 15 dias vai entrar na sua corretora [de valores]
em bitcoins. A empresa só negocia em bitcoins”, diz o treinador da empresa. O
mesmo homem tem fotos em viagens e ao lado de montes de dinheiros publicadas.
Perguntado sobre a real
existência dos negócios na moeda estrangeira na eletrônica, o delegado Lucas Sá
afirmou que “não existe negócio algum. Eles informam que a pessoa vai ganhar
dinheiro ‘sem fazer nada’; que a empresa ‘vai trabalhar pra eles’ e que se
indicarem pessoas vão ganhar ainda mais dinheiro - exatamente a pirâmide”.
Denúncia no Fantástico
Esquema foi exposto em
reportagem no Fantástico do domingo, 13 de agosto. A polícia investiga dois
aplicativos que ofereciam lucros de até 30% ao mês com apostas em campeonatos
esportivos na Bahia. Para a polícia, o esquema não passa de uma pirâmide
financeira.
Os dois aplicativos são
apresentados como inovadores ao oferecerem dinheiro fácil com apostas em
campeonatos de futebol. Para a polícia, as duas iniciativas são novas versões
para a pirâmide financeira, formando uma grande rede de investidores e prometendo
lucros.
Através do aplicativo, as
vítimas acompanhavam seus lucros, que aumentavam, mas os valores não podiam ser
sacados. Algumas vítimas pararam de aplicar dinheiro quando percebiam o golpe.
G1
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