POLÍTICA: ‘Janela’ vai permitir debandada de políticos.
Temendo perder seus
mandatos, deputados e senadores paraibanos se organizam para abandonar seus
partidos apenas com a abertura da “janela partidária”, que esse ano vigora a
partir do mês de março. Nomes como o de Veneziano Vital do Rêgo, Hugo Motta e
Nabor Wanderley, todos do MDB, além de Edmilson Soares e Branco Mendes (ambos
do PEN), Guilherme Almeida (PSC), Inácio Falcão, João Henrique (DEM) e Lindolfo
Pires (Pros) devem mudar de legenda no início de vigência da “janela”.
Esse prazo para que o
parlamentar realiza a mudança sem correr o risco de perder o cargo ocorre duas
vezes por mandato. A primeira é dois anos após a eleição. A segunda começa sete
meses antes da eleição e dura 30 dias. Em 2018, a janela será entre os meses de
março e abril. Próximo a esse período, as articulações políticas são as mais
diversas. Apesar de que muitos costumam não afirmar as decisões antes do tempo
determinado para que possam sair sem problemas das siglas as quais estão
filiados.
Na Assembleia Legislativa da
Paraíba, quem aguarda ansioso a abertura das janelas partidárias são os deputados
Branco Mendes e Edmilson Soares. Filiados ao PEN. a mudança na Executiva
Estadual da legenda trouxe desconforto e insatisfação por parte dos
parlamentares, que não aceitaram a troca do comando. Ambos já anunciaram a
pretensão de deixar a sigla, mas ainda não revelaram a decisão final, pois
estão aguardando as datas certas para que possam fazer a mudança sem a acusação
de infidelidade partidária.
Branco Mendes se disse
surpreso com a forma como ele e Edmilson Soares foram 'escanteados' da legenda.
Em setembro do ano passado, o comando da sigla passou de Juracy Mendes, irmão
de Branco, para o consultor de segurança Julian Lemos, que tem ligação com o
deputado Jair Bolsonaro.
Agora, Julian Lemos assume o
PSL, caso eles continuem sem espaço vão estudar a possibilidade de mudança.
Branco disse que a situação não deixou margem para uma boa convivência
partidária e classificou o caso como falta de respeito. "Penso sim em
procurar caminhos em termos de futuro partidário, se for necessário”, afirmou.
O mesmo aconteceu com Edmilson Soares. Eles revelaram ter recebido vários
convites para se filiar a outras legendas, mas pretendem estudar o cenário
político para definir o futuro. Por enquanto a legenda está sem comando na
Paraíba.
Pelo menos oito dos 36
deputados se envolveram em negociações para mudar a filiação. Eles precisam do
apoio das legendas para disputar as eleições de 2018 e muitas dessas
articulações para excluir filiados visam o interesse no pleito estadual. O
deputado licenciado Lindolfo Pires é outro que deve mudar de legenda. Ele
garantiu que não vai permanecer filiado ao Pros, mas vai esperar a janela
partidária para pedir a desfiliação, também com medo de perder o mandato.
Foram pegos de surpresa
O comando do Pros na Paraíba
passou para as mãos do empresário André Amaral, pai do deputado federal André
Amaral, do MDB, aliado do presidente Michel Temer. A decisão de saída é
definitiva, segundo Lindolfo Pires. “Eu não fui reconhecido pelo que a gente
comandou nos dois anos passados. Ainda não sei qual legenda vou escolher, mas
vou esperar o limite máximo para poder trocar”, justificou. Trócolli Junior
também foi pego de surpresa, mas admitiu que permanece na sigla.
Outro caso de insatisfação é
de João Henrique. O parlamentar, que atua na Casa Legislativa fazendo oposição
para o governador do Estado, Ricardo Coutinho (PSB), é filiado ao Democrata,
que atua na Paraíba como grande aliado do gestor. As divergências causaram a
insatisfação do deputado, que reconhece que não há mais condições de permanecer
na sigla.
“O povo me elegeu para fazer
oposição ao Governo, por isso não tenho condições de permanecer no partido”,
alegou. Segundo o parlamentar, ele já teria, inclusive, sido convidado a deixar
a legenda. Apesar da insatisfação, o deputado deve permanecer no partido e
aguardar o melhor momento para concretizar sua saída. “Nesse momento não posso
deixar o partido, tenho que permanecer, mesmo que forçosamente, mas recebi
vários convites para me filiar a outras legendas, assim como já recebi convite
para desocupar o partido também”, comentou João Henrique.
Outro que já decidiu o seu
futuro político foi o Guilherme Almeida (PSC). O deputado admitiu que vai mudar
de legenda no início desse ano com a finalidade de facilitar a sua participação
na disputa. Diferentemente dos colegas, ele pretende abandonar a atual sigla
sem nenhuma desavença com a Executiva do PSC. O parlamentar já tem a escolha
definida e vai se filiar ao Solidariedade. Ele afirmou ainda que há
possibilidades de disputar uma vaga na Câmara Federal. Guilherme Almeida é
suplente e assumiu a cadeira no Legislativo Estadual, que era ocupada por
Manoel Ludgério.
O caso mais emblemático foi
o do deputado Inácio Falcão. O parlamentar, segundo ele mesmo, foi vítima de
uma 'rasteira partidária'. No fim do ano passado, ele foi surpreendido com a
decisão do Diretório Estadual do Avante em expulsá-lo da legenda. A expulsão
dele foi oficializada e o parlamentar está em busca de uma nova filiação. Ele
deve esperar a "janela partidária" para definir um novo partido.
O presidente estadual do
Avante, Genival Matias, afirmou na época, que o relacionamento de Inácio Falcão
não era bom com a executiva em virtude de divergências relacionadas ao estatuto
da agremiação. Ele foi acusado por inadimplência com a legenda. O deputado
chegou a procurar 'abrigo' no PPS.
Maior migração no MDB
Insatisfeitos com o comando
e as decisões do partido, os deputados Veneziano Vital do Rêgo, Hugo Motta e
Nabor Wanderley não descartam a possibilidade de deixar o MDB durante o período
de abertura da "janela partidária". O grupo tem trabalhado pela
aliança da sigla com o PSB, do governador Ricardo Coutinho. Mas, a divisão na
legenda, pois parte apóia o grupo de oposição que tem o PSD e PSDB como
aliados, e a outra parte está lutando pela candidatura própria do partido, como
o senador José Maranhão (MDB) na 'cabeça de chapa.
Veneziano Vital do Rêgo já negocia,
inclusive com o governador, a possibilidade de fazer parte da chapa
majoritária, no projeto do PSB. De acordo com o deputado, a chapa que será
encabeçada pelo secretário do Estado de Recursos Hídricos, João Azevedo (PSB),
e poderá ter seu nome como candidato a senador. Porém, a sua saída do MDB só
deve acontecer no mês de abril, caso a articulação política se defina. Já Nabor
Wanderley e Hugo Motta devem aguardar as definições da Executiva Estadual do
MDB sobre as eleições para que tomem qualquer decisão sobre uma possível
mudança de partido.
Jornal Correio da Paraíba
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