Após seis anos de seca severa no Nordeste, chuva muda a paisagem
Chuvas
chegaram mais cedo em 2018 e encheram reservatórios. No Rio Grande do Norte,
dos 47 grandes reservatórios, só três continuam secos.
Os primeiros meses de 2018
foram de alívio em grande parte do Nordeste. Depois de seis anos de seca
severa, a chuva encheu os reservatórios e mudou a paisagem.
Só terra seca. Nos últimos
anos foi esse o cenário na barragem do Jazigo, em Serra Talhada, no sertão de
Pernambuco. O ano 2018 trouxe chuva e uma imagem de esperança.
O senhor Clóvis Luís fez
questão de mandar imagens para comemorar o tamanho das plantações de feijão e
de milho. "Foram nove anos sem ver uma riqueza dessas", afirma ele em
um vídeo.
Dos 129 reservatórios de
Pernambuco, 74 chegaram ao nível suficiente para contribuir com o abastecimento
das cidades. A barragem, por exemplo, a de Duas Unas, que fica em Jaboatão dos
Guararapes, município na região metropolitana do Recife. Até a metade do mês de
março, ela estava com pouco mais de 50% da capacidade. Mas choveu forte no fim
de semana e, nesta terça-feira (24), a barragem amanheceu transbordando.
“Esse volume de chuvas é
normal, mas como vínhamos há seis anos sem chuva, aí então chamou a atenção as
chuvas ocorridas nesse período. Os rios encheram, os açudes pegaram água e isso
traz, vamos dizer, surpresa para as pessoas, já que fazia seis anos que não
ocorria”, afirma a meteorologista Patrice Oliveira.
Em todo o Nordeste, a chuva
do começo de 2018 trouxe alívio. No Rio Grande do Norte, dos 47 grandes
reservatórios, só três continuam secos. A maior barragem, a Armando Ribeiro,
que estava no volume morto em janeiro, hoje está com 27 % da capacidade.
A barragem de Sobradinho, na
Bahia, está com 37,83 %. No Ceará, 17 reservatórios transbordaram e 29 estão
com mais de 90% da capacidade. Em Alagoas, a caatinga verde é o melhor sinal de
chuva recente. A agricultora Dona Maria do Carmo mora no povoado Espanha, no
alto das serras, onde a chuva foi generosa.
Em março de 2017, mais da
metade do Nordeste estava em situação de seca extrema. A chuva além do previsto
recuperou grande parte da região. Mas a situação ainda preocupa. Na Paraíba, a
estiagem foi longa demais. Mesmo com chuva, 19 reservatórios estão em situação
crítica. E só 57 atingiram mais de 20% do volume.
A seca arrasou a produção. A
região de Várzeas de Souza, no sertão paraibano, que já teve a maior plantação
de coco do estado, só sobraram 5% dos coqueiros. "Não tem condições de
viver na sua terra natal. O meio que eles estão achando, encontrando é ir
embora. Até meus filhos estão dizendo que vão embora", lamenta o
agricultor Raimundo Gonçalves Sobrinho.
G1
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