Catadores se alimentam de lixo descartado em aterro de João Pessoa.
Catador encontra pacote de salsicha no lixo |
Uma fiscalização do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), nesta segunda-feira (23), identificou catadores trabalhando em
situações insalubres em aterro localizado na cidade de João Pessoa, mas que
atende também outras cidades da Região Metropolitana da capital.
Durante a fiscalização, que
continua nesta terça-feira (24) em aterros de Guarabira e Campina Grande, o
Ibama flagrou a chegada de um caminhão, chamado pelos catadores de “borreia”,
que traz dos supermercados alimentos que não servem mais para o consumo e
depositam no aterro. Os trabalhadores retiram tudo que podem aproveitar e levam
para a mesa de casa ou cozinham no próprio aterro.
“Se eu tivesse de morrer, já
tinha morrido desde o lixão do Róger”, disse uma das catadoras.
Na área de triagem, o lixo
que chega das ruas são separados pelos catadores que fazem parte de uma
associação. Trabalham sem nenhum equipamento de proteção. As luvas que alguns
ainda utilizam, segundo os trabalhadores, foram encontradas no meio do próprio
lixo que chega e passa pela esteira.
“Teve caso de um colega
nosso que contraiu Hepatite B por uma furada de agulha que levou aqui”, relata
uma catadora, que também estava com um corte no dedo e fez o curativo do
ferimento com materiais encontrados no lixo.
“É completamente
inadmissível que um aterro como esse, autorizado com as devidas licenças,
permita que aconteça uma situação irregular como essa. Vamos fazer valer nosso
relatório e encaminhar essa situação de trabalho de pessoas totalmente em
condições insalubres para o Ministério Público do Trabalho para apurar conforme
suas competências“, explicou Geandro Guerreiro, chefe da divisão
técnico-ambiental do Ibama.
Além disso, de acordo com o
resultado preliminar da fiscalização do Ibama, o aterro de João Pessoa também
tem problema operacionais que podem comprometer o meio ambiente. “Foi
constatado que a parte da estação de tratamento do chorume está com
funcionamento precário. Precisamos analisar os laudos e os indicadores de
qualidade para saber em que nível está sendo feita a emissão do chorume após o
processamento”, explicou um integrante da equipe de fiscalização.
Até a manhã desta
terça-feira (24), não foi identificada a qual prefeitura pertence o caminhão
que chegou com restos de comida. A assessoria de imprensa de Cabedelo informou
que a prefeitura vai apurar o caso antes de se pronunciar. A secretaria de
comunicação de Bayeux também vai tomar conhecimento da operação.
Não foi possível o contato
com a Prefeitura de Caaporã. As prefeituras de Santa Rita e do Conde também não
retornaram.
Em relação a João Pessoa, o
superintendente da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), Lucius Fabiani,
disse que o carro não é da capital e que vai abrir um procedimento
administrativo para apurar o caso.
“Já podemos ver e
identificar na reportagem que aquele caminhão não opera no município de João
pessoa. Independente dele operar para cidade ou não, a prefeitura de João
Pessoa tem obrigação de fiscalizar. Queremos saber se essa empresa tem
licenciamento ambiental e, autorização da Emlur para transportar”, declarou
Lucius.
G1
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