Bispos chilenos colocam cargo à disposição do Papa após escândalo de abuso.
Mais de 30 colocaram seus postos
'nas mãos do Santo Padre' em meio às acusações de acobertamento de abuso sexual
de menores.
CIDADE DO VATICANO - Após
escândalo de abusos sexuais no Chile envolvendo religiosos, bispos chilenos
colocaram seus cargos à disposição do Papa Francisco. O anúncio da renúncia de
34 religiosos foi feito nesta sexta-feira pelo porta-voz da Conferência
Episcopal do Chile durante coletiva de imprensa no Vaticano.
O anúncio acontece três dias
após encontros com o Papa, no Vaticano, para esclarecimentos sobre o encobrimento
de abusos sexuais contra menores no país. "Nós, todos os bispos presentes
em Roma, ofertamos nossa renúncia ao Santo Padre para que ele possa decidir
livremente por cada um de nós," afirmou o porta-voz do grupo à imprensa.
A reunião desta semana ocorreu
após uma investigação do Vaticano contra o bispo Juan Barros, que foi nomeado
pelo papa em 2015 apesar de alegações de que havia encoberto o abuso sexual de
menores por seu mentor, padre Fernando Karadima.
Durante o pronunciamento
desta sexta, Fernando Ramos e Ignacio González também pediram perdão ao Chile,
às vítimas dos abusos e ao Papa.
Os abusos em questão foram
cometidos pelo padre Fernando Karadima em uma paróquia da capital chilena,
Santiago. Ele foi responsável por formar 50 sacerdotes, cinco dos quais se
tornaram bispos. Após a descoberta das informações de que ele abusou sexualmente
de crianças e jovens, o religioso foi condenado em 2011 pelo Vaticano a uma
vida de penitência e oração por seus crimes.
Papa voltou atrás em sua
posição
No último mês, Francisco
reconheceu "erros de percepção" às denúncias contra o bispo chileno
Juan Barros, acusado de encobrir os casos de abusos sexuais de menores
envolvendo Karadima, seu mentor.
O Pontífice afirmou que
teria sido “mal informado” e, em uma carta, convocou bispos do país para uma
reunião em Roma. "Eu cometi sérios erros de avaliação da situação,
especialmente por falta de informações precisas e equilibradas", admitiu o
Papa.
Após os escândalos no Chile,
a credibilidade da Igreja sofreu forte baque no país. O assédio sexual a
menores por membros do clero foi tema de protestos durante a visita do
Pontífice ao Chile, em janeiro deste ano.
Destruição de provas
Aos 87 anos e vivendo em uma
casa de repouso no Chile, Karadima nega as alegações. Barros disse que não
sabia de qualquer irregularidade.
No entanto, o Vaticano
confirmou nesta sexta-feira relatos da mídia chilena de que o papa entregou aos
bispos nesta semana um documento acusando-os de destruir provas de crimes
sexuais e de não protegerem crianças de padres abusadores.
O Globo
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