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Sala de leitura e alfabetização para ressocializar e reduzir pena é inaugurada em Soledade.



Um trabalho de ressocialização e de remição da pena será realizado, a partir da próxima terça-feira (17) junto aos presos da Cadeia Pública de Soledade, que passarão a dispor de uma Sala de Leitura, aulas de Informática e um projeto de alfabetização. O local foi inaugurado na manhã desta sexta-feira (13) e foi possibilitado a partir de uma parceria entre o Poder Judiciário da Comarca, sistema penitenciário e a ONG IDE Projetos Sociais, para pôr em prática o projeto ‘Uma nova página’, que oportunizará aos detentos a chance de abaterem as respectivas penas em até 48 dias por ano, por meio da leitura e da alfabetização.

A solenidade contou com a presença do presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, desembargador Joás de Brito Pereira Filho, que tem apoiado a iniciativa. “Além de educar e socializar estes presos, a medida ajuda com que eles cumpram a pena com mais rapidez. O interessante é que não é uma sala apenas para leitura, mas, também, para alfabetização. Desde que fui informado deste projeto, imediatamente, abracei a causa e me prontifiquei a comparecer ao evento, para prestigiar esta iniciativa brilhante”, afirmou Joás de Brito.

O presidente da ONG, Jairo Pacheco, revelou que o órgão investiu na estruturação, nos equipamentos necessários e na manutenção dos profissionais qualificados nas áreas de Informática e Pedagogia, que darão continuidade ao trabalho. Quanto aos livros adquiridos, contou que houve doações da Editora RHEMA Publicações e aquisições junto à Secretaria de Educação.

“Vamos atuar, de forma semanal, na realização das atividades educativas. Firmamos parceria com o Governo estadual para promovermos a alfabetização e trazermos o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) para a cadeia. Também queremos realizar outros cursos, posteriormente, e já estamos organizando um de eletricidade predial e outro de manutenção de micros, tablets e celulares”, adiantou.

O responsável pela ONG acredita que esta iniciativa pode vir a estimular o interesse e a procura por uma profissão, em muitos daqueles que se encontram segregados. “Acredito que estamos dando uma passo à frente na busca por um estilo de vida contrário a aquilo que eles têm. Temos uma expectativa de vê-los transformados, mas só mais adiante iremos ver os frutos deste trabalho. Se recuperarmos apenas um, já terá sido válido todo investimento”, ressaltou.


Também o diretor da Cadeia de Soledade, o agente penitenciário Thiago Marinho está animado com o projeto, na expectativa de resultados positivos. “São homens que ficam, em sua maioria, ociosos, o que torna o cumprimento da pena mais difícil. Com a mente ocupada com leitura e estudo, além de melhorar a pena, sairão com valores agregados”, avaliou.

O diretor informou que o projeto entra em funcionamento, inicialmente, com 19 presos, mas que está tentando inserir aqueles que se encontram cumprindo pena nos regimes aberto e semiaberto. Na ocasião, explicou a metodologia que deverá ser utilizada. “Aqueles que já leem, receberão um livro e terão 30 dias para realizar a leitura. Ao fim deste prazo, eles têm que entregar uma resenha e fazer uma defesa oral, na presença do professor. Cada atividade valerá cinco pontos. O resultado será homologado por uma comissão da cadeia, junto ao professor, e a avaliação, que pode ser de aprovação ou reprovação, encaminhada para o Judiciário, responsável pela remição da pena”, explicou.

O diretor esclareceu, ainda, que eles poderão realizar as leituras tanto na sala, quanto na própria cela. E que no período da tarde, aqueles que não são alfabetizados terão aulas dentro do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Quanto às aulas de Informática, adiantou que já há, no local, oito computadores e data show, disponibilizados para isso.

A juíza titular da Comarca, Francilene Lucena Melo Jordão, fará o acompanhamento do projeto para a devida remição da pena. Durante a solenidade, a magistrada afirmou que a medida está em conformidade com a Recomendação nº 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça, que propõe o incentivo à remição pela leitura. “O que se espera é que, ao se engajarem no projeto, os apenados e demais custodiados se tornem agentes multiplicadores da iniciativa, não apenas pelo benefício da remição da pena, mas pelo ganho pessoal que a leitura trará às suas vidas”, declarou.

A juíza Ivna Mozart Bezerra Soares Moura, titular do 3º Juizado Auxiliar Cível da 2ª Circunscrição, também participou da inauguração, por ter contribuído com a construção do projeto enquanto respondia pela Comarca. “Um projeto que tem o objetivo de oferecer a possibilidade de crescimento para os presos, num espaço adequado, alcançando o objetivo da pena que é a reeducação e a ressocialização”.


Por Gabriela Parente

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