ATENÇÃO: Os números que revelam a grandiosidade da maior ponte marítima do mundo, inaugurada na China.
Ponte
de US$ 20 bilhões (o equivalente a R$ 73,72 bilhões), abrangendo 55 km, é
considerada uma maravilha da engenharia. Sua construção, contudo, foi marcada
por atrasos e problemas de segurança que levaram à morte de ao menos 18
trabalhadores.
O presidente chinês, Xi
Jinping, inaugurou oficialmente a maior ponte de travessia marítima do mundo,
nove anos após o início da construção e em meio a críticas de que o projeto -
concebido para impulsionar o crescimento econômico - não passa de um
"elefante branco" e de que causou "sérios danos" à vida
marinha em seu entorno, além de mortes de trabalhadores.
Incluindo as estradas de
acesso, a ponte abrange 55 km e liga Hong Kong a Macau e à cidade chinesa de
Zhuhai.
A estrutura custou cerca de
US$ 20 bilhões (o equivalente a R$ 73,7 bilhões) e registrou vários atrasos no
cronograma. Seu prazo inicial de conclusão era o ano 2016, que acabou
postergado devido à escassez de mão de obra e de materiais de construção.
A obra também foi marcada
por problemas em questões de segurança - pelo menos 18 trabalhadores morreram
em serviço.
Xi participou da cerimônia
de inauguração, que aconteceu nesta terça-feira em Zhuhai, junto com os líderes
de Hong Kong e Macau. A ponte será aberta ao tráfego regular na quarta-feira.
O que há de tão especial
nessa ponte?
A travessia conecta as três
principais cidades costeiras no sul da China - Hong Kong, Macau e Zhuhai.
A ponte, projetada para
resistir a terremotos e tufões, foi construída usando 400 mil toneladas de aço,
o suficiente para erguer 60 torres Eiffel.
Cerca de 30 km do seu
comprimento total atravessa o mar do delta do Rio das Pérolas. Para permitir a
passagem de navios, uma seção de 6,7 km no meio mergulha em um túnel submarino
que passa entre duas ilhas artificiais.
As seções restantes são
estradas de ligação, viadutos e túneis terrestres que conectam Zhuhai e Hong
Kong à ponte principal.
Por que ela foi construída?
A ponte faz parte do plano
da China de criar uma Grande Área de Baía, incluindo Hong Kong, Macau e outras
nove cidades no sul da China - na esperança de competir com as de São
Francisco, Nova York e Tóquio.
A área é atualmente habitada
por 68 milhões de pessoas. E a expectativa é transformá-la em uma zona
econômica com ênfase em tecnologia, como uma espécie de concorrente ao Vale do
Silício dos Estados Unidos.
As indústrias de logística e
turismo também esperam um grande crescimento na esteira do projeto.
A expectativa é por uma
melhor integração entre essas áreas, mas não só isso.
A redução do tempo de viagem
que ela proporcionará entre Zhuhai e Hong Kong é apontada como um dos ganhos: a
expectativa é de que o percurso, antes feito em até quatro horas, seja
concluído em 30 minutos.
Qualquer um pode atravessar
a ponte?
Não. Aqueles que querem
atravessar a ponte devem obter licenças especiais, distribuídas por um sistema
de cotas. E todos os veículos pagam um pedágio.
A ponte não é atendida por
transporte público, mas ônibus privados farão o percurso. Não há ligação
ferroviária.
Autoridades inicialmente
estimaram que 9,2 mil veículos atravessariam a estrutura todos os dias.
Posteriormente, depois que novas redes de transporte foram criadas na região,
eles reduziram suas estimativas.
Dirigir ao longo da
estrutura promete ser um desafio: em Hong Kong e em Macau, as pessoas dirigem à
esquerda, como no Reino Unido, mas o resto da China dirige à direita, tal como
na Europa continental e nos EUA.
O que as pessoas estão
dizendo a respeito?
O projeto tem sido alvo de
muitas críticas.
A ponte foi apelidada de
"ponte da morte" pela mídia local. Pelo menos nove trabalhadores do
lado de Hong Kong morreram, e autoridades disseram à BBC que outros nove também
morreram no continente - atingidos por máquinas ou após despencarem no mar.
Centenas de trabalhadores
chegaram a sofrer acidentes e a ficarem feridos durante a obra.
Também houve problemas
relacionados ao impacto ambiental.
Grupos ambientalistas dizem
que o projeto pode ter causado sérios danos à vida marinha na área, incluindo
ao golfinho branco chinês, espécie considerada "criticamente rara" e
"vulnerável".
A quantidade desses
golfinhos vista nas águas de Hong Kong caiu de 148 para 47 nos últimos 10 anos,
e eles agora estão ausentes da região próxima à ponte, de acordo com a filial
de Hong Kong do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, da sigla em inglês).
"O projeto causou danos
irreversíveis ao mar. Receio que o número (de animais) nunca mais volte a
subir", disse Samantha Lee, diretora-assistente de preservação marinha na
WWF.
As autoridades disseram que
"fizeram o melhor possível" para proteger o meio ambiente ao longo da
ponte.
O investimento vai ser
recuperado?
A ponte, estradas de acesso
e ilhas artificiais que compõem o projeto custaram impressionantes US$ 20
bilhões (R$ 73,72 bilhões) para serem construídas - a ponte principal consumiu,
sozinha, US$ 6,92 bilhões (R$ 25,51 bilhões).
Autoridades chinesas dizem
que tal infraestrutura vai gerar até 10 trilhões de yuans (US$ 5,31 trilhões)
para a economia, mas uma parlamentar de Hong Kong questionou essa cifra.
"Eu não tenho tanta
certeza de como a ponte pode se sustentar se não houver muitos carros passando
por ela. Tenho certeza de que nunca conseguiríamos recuperar (o valor investido
na construção).", disse Tanya Chan à BBC News Chinesa.
De acordo com uma estimativa
da BBC Chinesa, a ponte só vai gerar arrecadação de cerca de US$ 86 milhões (R$
317 milhões) em pedágios por ano.
Um terço dessa receita,
contudo, teria de ser usadas nos custos de manutenção.
Críticos chamaram a ponte de
"grande elefante branco" que não garante retorno econômico. Outros
disseram que seu principal objetivo é simbólico, assegurando que Hong Kong
esteja fisicamente conectada ao continente.
*Reportagem adicional de Lam
Cho Wai, da BBC China.
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