Caminhão de lixo e ônibus são incendiados por criminosos no 20º dia de ataques no Ceará.
Criminosos incendiaram um
caminhão de lixo na cidade de Jaguaruana, no Vale do Jaguaribe, na madrugada
desta segunda-feira (21), e queimaram um ônibus no Bairro Mondubim, em
Fortaleza, na noite de domingo (20). Não há registro de pessoas feridas nesses
ataques. A violência no estado chegou ao 20º dia seguido.
Desde o dia 2 de janeiro,
quando começaram as ações criminosas, ocorreram 221 ataques contra ônibus,
carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 46 dos 184 municípios
cearenses. As ações começaram em Fortaleza, foram para a Região Metropolitana e
se espalharam por diversas cidades do interior do estado. A Secretaria da
Segurança Pública do Ceará confirmou que 400 pessoas já foram detidas por
envolvimento nas ações criminosas.
Para tentar conter os
ataques, o governo estadual convocou 1.200 policiais militares da reserva para
reforçar a segurança nas ruas. O Ministério da Justiça enviou agentes da Força
Nacional e reforço da Polícia Rodoviária Federal para o estado. Policiais militares
e agentes penitenciários de outros estados brasileiros também foram deslocados
ao Ceará após o início dos crimes.
O caminhão de lixo foi
queimado por volta de 1h deste domingo no Bairro Juazeiro, em Jaguaruana.
Segundo a Polícia Militar, o veículo estava estacionado em frente a uma
oficina, quando criminosos jogaram combustível e atearam fogo. O veículo ficou
completamente destruído.
Já no domingo, um ônibus do
transporte coletivo foi atacado por bandidos no Bairro Mondubim, na capital.
Eles incendiaram parte do ônibus, mas o Corpo de Bombeiros conseguiu impedir
que o fogo se alastrasse por todo o veículo.
Durante a tarde de domingo,
dois homens armados, em duas motos, tentaram atear fogo em uma van do
transporte alternativo no Bairro Jangurussu, em Fortaleza. O veículo teve
algumas peças danificadas, mas o fogo não atingiu toda a van.
Ordens partiram de presídios
Áudios compartilhados entre
membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas
partiram de presidiários. As mensagens chegaram até as autoridades após a
apreensão de 407 aparelhos de celulares nas unidades prisionais do estado, no
dia 6 de janeiro.
Em uma mensagem, um detento
ordena: "Uns toca fogo na prefeitura, uns toca fogo nas coisas lá dos
policial, tá ligado?". O Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú, na
Grande Fortaleza, foi um dos 49 prédios públicos atacados no Ceará. "Agora
a bagunça vai começar é com força", diz outra mensagem de áudio. “Agora
nós vamos parar os ônibus, vamos tocar fogo com vocês dentro”, ameaça um
terceiro detento.
Em outro áudio, um detento
diz que a sequência de crimes é uma tentativa de fazer com que o secretário da
Administração Penitenciária desista de medidas que tornaram mais rigorosa a
fiscalização no sistema penitenciário. "Vocês vão tirar esse secretário aí
dos presídios. Vocês vão ver, vai piorar é pra vocês", ameaça um criminoso.
O secretário da Segurança
Pública do Ceará, André Costa, confirmou que a nomeação do novo secretário de
Administração Penitenciária provocou a onda de ataques criminosos. Segundo
André Costa, "a criminalidade já conhecia o trabalho" do novo gestor da
pasta que administra os presídios do Ceará.
'Terrorismo'
Em entrevista à GloboNews, o
governador do Ceará, Camilo Santana (PT), classificou as ações criminosas
registradas como "atos de terrorismo". Santana defendeu que o
Congresso Nacional revisse a lei antiterrorismo para tipificar ataques como os
que ocorrem no Ceará.
Camilo Santana também
confirmou o fechamento de 67 cadeias municipais no interior do Ceará nos
últimos dias. A medida foi uma decisão do novo secretário da Administração
Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, segundo o governador.
"Eram cadeias
precárias, concentrei na Região Metropolitana para ter mais controle sobre
esses presos. Isso foi uma decisão do próprio secretário [da Administração
Penitenciária, Mauro Albuquerque]. Tenho tido todo o apoio do poder
Judiciário", afirmou.
G1
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