Criminosos explodem bomba em viaduto e incendiam veículos do Dnocs no 9º dia de ataques no Ceará.
Bandidos voltaram a cometer
ataques contra equipamentos públicos e veículos nesta quinta-feira (10) no
Ceará. Durante a madrugada, homens queimaram um ônibus e 5 carros do
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), explodiram uma bomba em
um viaduto de Fortaleza e atacaram um centro de assistência social na capital.
A violência chegou ao 9º dia seguido com 177 ações criminosas em 43 dos 184
municípios cearenses.
O estado vive uma onda de
ataques desde o dia 2 de janeiro, quando criminosos incendiaram ônibus,
transportes escolares, veículos de prefeituras, prédios públicos e comércios na
capital e no interior. A onda de violência é uma represália à ação do governo
de acabar aumentar o rigor na fiscalização das unidades prisionais e acabar com
divisão dos presos por facções nos presídios.
O governador Camilo Santana
(PT) informou que chefes de facções criminosas que estavam presos no Ceará
foram transferidos para presídios federais. A Secretaria da Segurança Pública
comunicou que 239 suspeitos foram capturados por envolvimento nos ataques.
Entenda o que está
acontecendo no Ceará
O governo criou a secretaria
de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o
crime dentro dos presídios.
O novo secretário, Mauro
Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas.
Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir
presos conforme a filiação a grupos criminosos.
Criminosos começaram a
atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região
Metropolitana e se espalharam pelo interior ao longo da semana.
O governo pediu apoio da
Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro,
autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança
no estado.
A população de Fortaleza e
da Região Metropolitana sofre com interrupções frequentes no transporte
público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
Onda de violência no Ceará
afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair de 85% para 65%.
9º dia de ataques
Na madrugada desta
quinta-feira, criminosos detonaram os explosivos na estrutura do viaduto por
volta de 0h40 desta quinta. O impacto do explosivo deixou buracos na estrutura
da parte inferior do equipamento. A explosão foi ouvida por moradores de outros
bairros vizinhos, conforme a polícia.
Logo após o crime, a Força
Nacional e o esquadrão antibombas da Polícia Militar foram acionados para
reforçar a segurança no local. Uma equipe de engenheiros da Prefeitura de
Fortaleza acionada ao local e está analisando a estrutura do viaduto no Bairro
Parangaba. A área foi isolada pela polícia e uma estação do Metrô de Fortaleza
foi fechada no início da manhã. Conforme a polícia, o esquadrão antibombas já
havia apreendido um material explosivo na estação do Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT) na quarta-feira (10). O VLT fica próximo ao viaduto onde a bomba foi
detonada.
Veículos do Dnocs queimados
Na cidade de Forquilha, na
Região Norte do Ceará, três homens encapuzados atearam fogo em um ônibus e
cinco carros que estavam em uma oficina do Dnocs. De acordo com o Corpo de
Bombeiros, os suspeitos pularam o muro da oficina e colocou fogo nos veículos
que estavam no local. O ônibus e os carros ficaram destruídos.
Outro grupo de criminosos
atacou o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) durante a madrugada
no Conjunto Palmeiras, na capital. O equipamento presta serviços para a
população de áreas de vulnerabilidade e risco social.
Conforme a polícia, os
suspeitos chegaram à sede do Cras por volta de 0h20. Eles atearam fogo em
cadeiras e roubaram objetos do local, como microondas, ventilador e caixa de
som. Moradores do bairro viram as chamas em uma das salas e conseguiram apagar
o incêndio.
Ônibus incendiado
Na noite de quinta-feira,
bandidos incendiaram um ônibus do transporte público no Bairro Jardim
Fluminense, em Fortaleza. O coletivo estava no fim da linha, estacionado em
frente a uma escola municipal, quando os suspeitos mandaram os ocupantes saírem
do veículo.
Os bandidos jogaram
combustível no transporte e atearam fogo. Ninguém ficou ferido.
Motivação dos ataques
Os atentados começaram após
uma fala do novo titular da Secretaria de Administração Penitenciária do
estado, Luís Mauro Albuquerque, que afirmou que iria acabar a entrada de
celulares nos presídios e encerrar a divisão de presos nas detenções conforme a
facção criminosa a que pertencem.
O secretário da Segurança
Pública do Ceará, André Costa, afirmou que a nomeação do novo gestor das
unidades prisionais motivou o início dos ataques. Em pichações em prédios
públicos e residências, os criminosos pedem a saída de Mauro Albuquerque.
"A criminalidade já conhecia o trabalho dele", afirmou André Costa.
Em entrevista à GloboNews, o
governador Camilo Santana comunicou que o estado "se preparou para a onda
criminosa" e garantiu que será "duro" com a criminalidade dentro
e fora dos presídios. O chefe do executivo comentou durante a entrevista que o
momento difícil que o estado passa, devido à série de atentados, é
"necessário" para garantir a segurança no futuro.
G1
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