33 trabalhadores de NOVA FLORESTA são resgatados em Brasília sob a condição de trabalho escravo.
Os procuradores Carlos Eduardo
Carvalho Brisolla e Paula de Ávila Silva Porto e Nunes do Ministério Público do
Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF) e o auditor-fiscal Roberto Gutemberg
Pinheiro da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) encontraram
33 trabalhadores rurais alojados em situação degradante na Fazenda Santa
Isabel, na zona rural de Planaltina (DF), na localidade de Monjolo.
Os trabalhadores vieram para o
Distrito Federal com a promessa de emprego por um período de 90 dias, para
colheita de café. Porém, o meio ambiente de trabalho insalubre fez com que os
safristas denunciassem a situação à SRTE.
Após a constatação das
irregularidades, o MPT-DF convocou a empresa Rural Whittmann Agropecuária Ltda.
– proprietária da fazenda Santa Isabel – para pagar todo o débito da empresa,
além de determinar o aluguel de quartos em um hotel em Planaltina, tendo vista
as más condições do alojamento na fazenda.
Os trabalhadores receberam suas
verbas rescisórias com todos os direitos trabalhistas assegurados, tais como
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), férias proporcionais e aviso
prévio indenizável. Após o recebimento das verbas trabalhistas, todos decidiram
voltar para sua cidade natal, em Nova Floresta (PB).
A procuradora Paula de Ávila
classificou a situação como inaceitável. “Trabalho nessas condições não pode
acontecer nunca. Não aceitem.”
O procurador-chefe do MPT-DF/TO,
Alessandro Santos de Miranda, que participou da audiência fez coro: “São
diversas irregularidades: aliciamento de trabalhadores, alojamentos
superlotados e em péssimo estado de higienização, ausência de concessão de
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e falta de assinatura da Carteira de
Trabalho. Para piorar, ainda foi encontrado um menor de 15 anos trabalhando na
colheita.”
O presidente Orlando Motta de Jesus
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Distrito Federal enalteceu a atenção
dedicada a este caso e agradeceu ao MPT pelo que classificou como “excelente
trabalho”.
Nova audiência está marcada para 24
de julho para discutir a situação dos demais empregados da empresa, as questões
do meio ambiente de trabalho e a
comprovação da não exploração do trabalho infantil.
Entenda
o caso:
Os safristas de café foram aliciados
no município de Nova Floresta, no Estado da Paraíba, com a promessa de emprego
na colheita da Fazenda Santa Isabel, por um período de 90 dias. Porém, desde o
início, a empresa Whittmann desrespeitou normas trabalhistas básicas, não
assinando a Carteira de Trabalho no município de origem e cobrando R$ 250 de
cada um deles para as despesas de transporte.
Ao chegar à Fazenda Santa Isabel, os
paraibanos se depararam com alojamentos em condições sanitárias precárias. Para
se ter ideia, em um local que deveria comportar quatro pessoas, 11 empregados
dividiam o espaço. Além disso, não foi fornecido Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs), com exceção de uma bota, que segundo depoimento, ainda seria
descontada do salário.
Em um mês de atividade, não havia
sido realizado nenhum pagamento. O acordado era de R$ 7 por saco de café
colhido. Segundo Amilton Oliveira, um dos trabalhadores prejudicados, a média
de colheita era de 30 sacos por dia. Ele conta que, além da condição degradante
do alojamento, o empregador avisou que não mais assinaria a Carteira de
Trabalho, com a justificativa de que o tempo de colheita seria menor do que o
inicialmente previsto.
“Eu trabalho há muito tempo com este
tipo de contrato e é a primeira vez que tenho um problema tão grande. Quando
questionamos o administrador sobre as condições, ele nos avisou que quem não
estivesse satisfeito com as normas da empresa poderia ir embora. Foi aí que
resolvemos denunciar”.
A Fazenda tem 58 hectares, com 250
mil pés de café. A colheita começou em junho, mas foi interrompida após a
inspeção do MPT e da SRTE. O valor total das indenizações somou cerca de R$ 220
mil.
SITE DO MPT/DF


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