'COM O PIRES NA MÃO': Ricardo pede dinheiro a Dilma para pagar dívidas de campanha.
Amargando dívidas milionárias
referentes à disputa eleitoral deste ano, candidatos a governador aliados ao
governo federal pedem agora socorro ao comando da campanha de Dilma Rousseff à
reeleição.
Os apelos são suprapartidários: vão
do PT ao PSB de Marina Silva, como é o caso do governador reeleito da Paraíba,
Ricardo Coutinho."Devo e não nego. Pagarei quando puder", afirmou o
governador paraibano.
O comitê de campanha de Coutinho
recorreu à equipe da presidente no segundo turno. Os petistas recomendaram a um
doador que colaborasse com R$ 2 milhões para a campanha do pessebista.
Os pedidos mais insistentes partem
dos próprios petistas, sobretudo os derrotados. Terceiro na corrida para o
governo de São Paulo, Alexandre Padilha encerrou a disputa com um buraco de
cerca de R$ 30 milhões.
Nos dois primeiros meses de
campanha, a candidatura angariou R$ 4,2 milhões, menos de 1/3 do que arrecadou
o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no mesmo período.
Além de Padilha, o senador paraibano
Lindbergh Farias também pede ao PT ajuda para liquidar suas dívidas de campanha
ao governo do Rio. Segundo ele, o rombo pode superar R$ 6 milhões.
"É muito ruim perder. Os
doadores acabam fugindo", lamenta Lindbergh.
As prestações de contas finais dos
candidatos que não foram ao segundo turno deverão ser entregues à Justiça
Eleitoral até terça-feira (4).
O prazo para os que disputaram o
segundo turno é maior: 25 de novembro. As dívidas pendentes devem ser assumidas
pelos partidos.
A penúria não é exclusividade dos
derrotados. A campanha de José Ivo Sartori (PMDB) teve como intermediário o
ex-ministro Eliseu Padilha, que pediu ajuda para o recém-eleito governador do
Rio Grande do Sul.
A dívida do comitê de Sartori é de
cerca de R$ 5 milhões, segundo a Folha apurou.
"Pedi dinheiro ao comitê de
Dilma até a véspera da eleição", conta Eliseu, que representava o PMDB na
coordenação de campanha da presidente Dilma.
Embora derrotado, o governador do
Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), não deve registrar dívidas significativas.
"Devem ser de cerca de R$ 300 mil", calcula Carlos Pestana,
coordenador da campanha de Tarso.
RIO Reeleito para o governo do Rio,
o peemedebista Luiz Fernando Pezão contou com o ministro Moreira Franco
(Aviação Civil) como porta-voz junto ao comitê de Dilma. Ele solicitou recursos
para bancar atividades conjuntas organizadas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes
(PMDB).
"Pedi dinheiro, mas não sei
quanto recebemos", diz Paes.
Também no Rio, a deputada estadual
eleita Clarissa Garotinho (PR) buscou ajuda da campanha de Dilma para o pai,
deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ).
Derrotado na disputa ao governo, ele
admite ter dívida milionária, mas não a revela.
"Ela [Clarissa] fez por conta
própria. A situação está difícil. Não quero mais conversa com essa gente",
queixa-se.
Procurado, o tesoureiro da campanha
de Dilma, Edinho Silva, afirma que seu foco agora é saldar dívidas do comitê da
presidente. Ele não quis comentar a situação financeira das candidaturas
aliadas.
O comando da campanha da presidente
não acredita que ela deva fechar o balanço eleitoral com dívidas.
Apesar disso, o PT ampliou neste mês
em R$ 40 milhões o limite de gastos do comitê para cobrir despesas
compartilhadas com os estados. O teto passou de R$ 298 milhões para R$ 338
milhões.
Folha de São Paulo
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