Agricultores familiares denunciam mau uso dos recursos da merenda escolar na Paraíba.
Agricultores
familiares paraibanos estão reforçando a fiscalização e a cobrança para que
municípios da Paraíba respeitem a lei do Plano Nacional de Alimentação Escolar
– PNAE. Essa lei, que vigora desde 2009, recomenda que 30% dos produtos da
merenda escolar sejam procedentes da agricultura familiar.
O
motivo para tal procedimento deve-se ao fato de que inúmeras escolas ainda
descumprem a lei do PNAE e não estão dando publicidade às chamadas públicas do
programa em locais públicos de ampla divulgação, conforme o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação orienta, além de estarem desrespeitando a
orientação da própria Secretaria de Educação do Estado. Visto que, segundo
dados do Ministério Público Federal (MPF), nos últimos quatro anos, R$ 288
milhões em recursos para a alimentação escolar foram entregues pelo Governo
Federal, através do FNDE, para o Estado e municípios, mas apenas R$ 30 milhões
(10,65%) foram utilizados pelas secretarias de educação e instituições de
ensino para a compra de produtos alimentícios diretamente da agricultura
familiar. Com isso, as associações, sindicatos e cooperativas da agricultura
familiar estão intensificando a fiscalização das Chamadas Públicas, como
orienta o Ministério Público Federal e o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O
delegado Federal do Desenvolvimento Agrário na Paraíba, Gonzaga Júnior, avalia
essa iniciativa dos agricultores familiares como um importante passo para
fortalecer a agricultura familiar paraibana. “Com essa ação dos agricultores, é
possível que possamos avançar e alcançar, no mínimo, os 30% exigidos em lei nas
compras da merenda escolar, bem como melhorar a nutrição dos estudantes da rede
pública de ensino. É importante conscientizar as escolas e as secretarias sobre
a importância de respeitar a lei do PNAE para o desenvolvimento da agricultura
familiar e para a segurança alimentar dos alunos de nossas escolas públicas”,
disse.
O
assessor territorial em Inclusão Produtiva do Núcleo de Extensão e
Desenvolvimento Territorial do Território do Seridó Paraibano, Wendell Lima,
ressaltou a importância da participação efetiva das cooperativas e associações
no monitoramento e fiscalização das chamadas públicas. “Em relação às chamadas
públicas, estamos encontrando inúmeras irregularidades. As impugnações estão
sendo realizadas de escola por escola, pois a gestão dos recursos é
descentralizada, ou seja, cada escola é responsável por sua chamada, ficando a
Direção e o Conselho Escolar responsáveis pelo processo, sob orientação da
Secretaria de Estado da Educação. Com isso, as entidades de representação dos
agricultores, em especial às cooperativas de agricultores familiares, se uniram
no enfrentamento às irregularidades contidas nas chamadas públicas. As
cooperativas e associações da agricultura familiar, que estão sendo capacitadas
para atender às compras governamentais, em especial o PNAE e PAA, podem
colaborar com o processo de monitoramento do cumprimento da legislação. Quanto
às cooperativas, estamos fazendo o nosso papel em exercer o controle social e
divulgar as informações e ações que estão sendo realizadas para o amplo
conhecimento dos agricultores familiares”, destacou.
Segundo
Josias Ribeiro, representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural
Sustentável e agricultor da comunidade Nova Vida, em Pitimbu, esta medida é de
grande importância para que os municípios cumpram o que estabelece a lei do
PNAE. “Esse descaso de alguns municípios é algo de extrema irresponsabilidade,
pois isso acaba prejudicando a agricultura familiar paraibana, tendo em vista a
grande importância que o PNAE tem para os agricultores familiares e para os
alunos de toda a educação básica, então é muito importante essa fiscalização
mais rígida para que a agricultura do nosso Estado tenha a valorização que
merece. Só nesta semana já impugnamos mais de 30 chamadas de escolas no
Território da Zona da Mata, pois as mesmas não estavam em acordo com a lei”,
ressaltou.
PNAE
Instituído
pela Lei nº 11.947/2009, o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE
prevê o uso de no mínimo 30% dos recursos repassados pelo FNDE para a
alimentação escolar, na compra de alimentos da agricultura familiar para serem
servidos nas escolas da rede pública de ensino.
A
aquisição de gêneros alimentícios será realizada, sempre que possível, no mesmo
município das escolas, priorizando os assentamentos de reforma agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.
As
escolas poderão complementar a demanda entre agricultores do território rural,
estado e país, nesta ordem de prioridade. A aquisição dos produtos da
agricultura familiar poderá ser realizada por meio da Chamada Pública,
dispensando procedimento licitatório.
ascom
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