'10 x 0 pra nois', debocham presos de Alcaçuz após fugas bem sucedidas.
Presos
que fugiram neste domingo usaram o mesmo túnel escavado para a fuga que
aconteceu na quinta-feira passada.
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Detentos
do maior presídio do Rio Grande do Norte, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz,
estão debochando da segurança pública potiguar. Após duas fugas bem sucedidas,
presos do pavilhão 4 pegaram terra que foi retirada para a escavação de um
túnel e usaram a areia para escrever na parede de uma das celas: ‘10 x 0 pra
nois’. O placar se refere às ultimas duas fugas registradas na unidade. Na
noite da última quinta-feira (10) fugiram seis. Já na madrugada deste domingo
(13), foram mais quatro. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande
Natal.
Vídeos
gravados por agentes penitenciários do Grupo de Operações Especiais (GOE),
unidade de elite da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), mostram a
gozação feita pelos presos (veja acima). A provocação está dentro de uma das
celas do pavilhão 4. Foi nesta carceragem que o túnel utilizado para as duas
fugas foi escavado. Nas imagens, sob a supervisão dos agentes, alguns presos
aparecem tapando o buraco e retirando a terra que ficou acumulada sobre os
beliches da cela.
Procurado
pelo G1, o diretor de Alcaçuz se manifestou. “Diante dessa afronta, todos os
pavilhões que tiveram fugas por túneis serão esvaziados. Será realizado o
serviço de concretagem e as vistorias nos pavilhões serão intensificadas. Ainda
serão feitas obras na parte externa para aumentar a segurança no perímetro do
presídio. Foram mais de 10 anos de nenhum investimento na estrutura de
segurança da unidade”, disse Ivo Freire.
Com
estas fugas, chega a 131 o número de detentos que conseguiram escapar do
sistema prisional potiguar somente este ano.
Sistema
em calamidade
O
sistema penitenciário potiguar completa um ano em estado de calamidade pública
no dia 17 deste mês. O decreto - que segundo a Secretaria de Justiça e
Cidadania (Sejuc) será renovado por mais seis meses - foi necessário após uma
série de rebeliões que destruiu boa parte das 33 unidades prisionais mantidas
pelo estado.
Neste
período, o Rio Grande do Norte recebeu o reforço de 200 policiais da Força
Nacional e gastou mais de R$ 7 milhões na reconstrução dos presídios
depredados. Melhorou ou piorou? Segundo o secretário Cristiano Feitosa,
“melhorou muito pouco”.
Ao
G1, o secretário fez uma avaliação e disse que “o sistema prisional potiguar
possui hoje uma equipe de diretores mais integrada e informações estão sendo
trocadas com mais rapidez, mas nesse um ano, mais precisamente no último
semestre, a Sejuc está investindo pesado em planejamento e em medidas que vão
se concretizar nos próximos seis meses. Então, as mudanças de maior efetividade
e repercussão ainda estão por vir”, ressaltou.
Atualmente,
ainda de acordo com o secretário, o Rio Grande do Norte possui algo em torno de
3.500 vagas para uma população carcerária de 7.500 detentos. “Ou seja, temos um
déficit de 4 mil vagas para preencher”, revelou.
Para
Feitosa, acabar com a superlotação é a única alternativa que a Sejuc tem para
solucionar outros problemas do sistema. O secretário concorda que o inchamento
dos presídios só fortalece as facções e incentiva as fugas. “Uma hora a coisa
explode”, observa.
Já
o Ministério Público, considera que o sistema piorou ao longo deste um ano de
calamidade. "A situação se deteriorou", disse o promotor Antônio
Siqueira ao analisar a crise no sistema penitenciário do estado.
G1
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