Família de idoso morto em rodoviária diz que ele nunca esteve na PB antes.
Polícia apresentou o criminoso |
A
família do idoso de 64 anos que morreu após ser esfaqueado no Terminal
Rodoviário de João Pessoa informou que ele nunca esteve na Paraíba antes do dia
em que foi morto. A informação rebate a versão do caso apresentada pela Polícia
Civil, que afirma que a vítima fazia visitas frequentes a João Pessoa e tinha
um relacionamento amoroso com o suspeito do crime.
Segundo
o sobrinho da vítima, Marcos Roberto da Silva, o tio não era homossexual,
estava casado há 40 anos e nunca tinha visitado a Paraíba antes. “Ele foi pela
primeira vez para ser assassinado. Um turista que desembarcar na Paraíba corre
o risco de voltar como o meu tio, porque não tem segurança na rodoviária”,
disse.
Marcos
Roberto explicou que o tio era ufólogo, escritor da área de ufologia e
ex-funcionário do Banco do Brasil e da Aeronáutica.
O
crime aconteceu na segunda-feira (20) e a vítima morreu no mesmo dia, no final
da tarde, no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. As imagens do
circuito interno da rodoviária foram divulgadas na terça-feira (21). No vídeo,
é possível ver o suspeito caminhando pelo terminal e, em outro momento, o idoso
correndo, buscando por ajuda, já ferido. As imagens também mostram o momento em
que as pessoas se aglomeram em volta da vítima.
A
família da vítima ainda afirmou que o crime teria sido classificado como
passional para que outras pessoas não ficassem com medo de visitar o estado.
“Ele foi esfaqueado às 12h30 e quando chegou no hospital era quase 16h. Ou
seja, falta segurança, mas também falta gestão. Isso (afirmar que o crime foi
passional) é um jogo político da Secretaria de Segurança. Para se ver livre de
ter o volume de turistas diminuído por causa da falta de segurança. A
Secretaria tinha que elucidar o caso e dar conforto à família e não agredir e
assassinar mais uma vez”, declarou Marcos Roberto.
O
único suspeito do crime, Ericson Rafael Menezes, de 29 anos, deveria estar
cumprindo pena em regime semiaberto por latrocínio, mas, após uma saída da
prisão, ele não voltou. Depois disso, foi considerado foragido pela Justiça.
“Esse
homem era fugitivo da Justiça por latrocínio, o mesmo crime cometido agora. A
Secretaria de Segurança diz que não foi latrocínio para não mostrar que a
Paraíba deixa ser assassinado um turista. E mente para a imprensa para denegrir
a vida, a imagem de uma pessoa que não tem nada a ver com a Paraíba, que foi só
para dar uma palestra de ufologia”, disse o sobrinho da vítima.
Marcos
ainda disse que a família vai processar o delegado, a Secretaria de Segurança e
o Governo do Estado pelas declarações feitas sobre o tio. “É criminosa a
declaração do delegado, é criminosa a atitude da Secretaria de Segurança
Pública do Estado, que assassina pela segunda vez o meu tio”, disse.
O
delegado João Paulo Amazonas disse que está ciente da versão da família, mas
que não vai mais se pronunciar sobre o caso no momento. A Delegacia de Roubos e
Furtos informou que, como o latrocínio foi descartado, o caso vai ser
encaminhado para a Delegacia de Homicídios. O G1 entrou em contato com a
assessoria da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social, mas não
teve resposta do secretário até o fechamento desta matéria.
Versão da polícia
Criminoso |
Em
entrevista na última quarta-feira (22), um dia depois que o suspeito foi preso,
o delegado João Paulo Amazonas, que investiga o crime, afirmou que o assassinato
foi motivado pelo fim do relacionamento amoroso entre a vítima e o suspeito. A
declaração foi dada pelo delegado ouvir o suspeito do crime, Ericson Rafael, e
outras testemunhas do caso. A polícia já descartou a possibilidade de
latrocínio, ou seja, de roubo seguido de morte.
O
delegado afirmou que Ericson teria iniciado um relacionamento amoroso com o
idoso há alguns meses e que o suspeito do crime ficou revoltado com o fim do
relacionamento.
Prisão do suspeito
Ericson
Rafael Menezes foi preso na terça-feira (21) na casa dele, em Bayeux. Ele foi
autuado por homicídio doloso qualificado, agravado pelo motivo torpe. A prisão
foi feita pela Polícia Militar e o delegado João Paulo Amazonas apresentou o
suspeito à imprensa ainda na tarde da terça-feira. Inicialmente, na delegacia,
o preso havia dito que não conhecia a vítima e que chorou quando soube da morte
por “tristeza de garoto”.
Relembre o caso
O
idoso foi ferido por volta das 12h30 da segunda-feira, dentro da rodoviária, no
Varadouro. O paciente foi conduzido para o Hospital de Trauma de João Pessoa
por uma ambulância do Resgate do Corpo de Bombeiros, passou por procedimentos
médicos de emergência, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos.
De
acordo com o Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop), a vítima foi
esfaqueada no abdômen e, segundo relatos de testemunhas, um dos antebraços
também foi ferido.
G1
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