STF abre inquérito para investigar Renan, Jucá, Raupp e Jader Barbalho.
O
Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou nesta terça-feira (14) a abertura de
um novo inquérito para investigar o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Jader
Barbalho (PMDB-PA).
Os
quatro serão investigados por suspeita de desvios na construção da hidrelétrica
de Belo Monte. Pelo mesmo motivo, já havia sido aberto no fim de maio um
inquérito sobre o senador Edison Lobão (PMDB-MA).
Todos
são suspeitos pela prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por
suposto recebimento de propina em contratos da obra. O caso de Belo Monte está
sob relatoria do ministro Luiz Edson Fachin e tramita fora dos processos
relativos à Operação Lava Jato.
A
investigação das suspeitas de pagamento de propina na construção da
hidrelétrica de Belo Monte foi autorizada por Fachin com base na delação
premiada de Luiz Carlos Martins, funcionário da empreiteira Camargo Corrêa,
dentro da Operação Lava Jato.
Embora
o relator dos processos da Lava Jato no STF seja o ministro Teori Zavascki, o
tribunal sorteou um novo ministro porque a denúncia de Martins não se trata de
um desdobramento do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
As
suspeitas sobre Calheiros, Jucá, Raupp e Barbalho surgiram nos relatos feitos
pelo senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) no acordo de delação
premiada assinado por ele.
O
procurador-geral ressaltou ao Supremo que Luiz Carlos Martins apontou somente Edison
Lobão como beneficiário de vantagens indevidas, mas que Delcídio mencionou
outros supostos destinatários da propina.
Além
de falar nos nomes de Romero Jucá, Renan Calheiros, Valdir Raupp e Jader
Barbalho, Delcídio apontou ainda como supostos operadores do esquema os
ex-ministros do governo Lula Erenice Guerra (Casa Civil) e Silas Rondeau (Minas
e Energia).
Segundo
o senador, Erenice, Silas e o ex-ministro Antonio Palocci atuaram para permitir
os desvios e "fizeram aproximação com os grandes empresários".
Segundo
o senador, o pagamento à época foi de R$ 30 milhões em propina para PT e PMDB.
Parte do suborno, destacou Delcídio, teria sido pago para a campanha eleitoral
de Dilma Rousseff em 2010 e parte para o "grupo de José Sarney" no
PMDB.
O
dinheiro teria origem em consórcio da construção da usina, capitaneado pela
empreiteira Andrade Gutierrez.
"Os
políticos não apenas tinham consciência de que os valores eram provenientes das
vantagens indevidas destinadas aos diretores e altos funcionários de empresas
públicas e sociedades de economia mista federais, mas também atuavam, direta ou
indiretamente, para a continuidade do esquema de pagamento de vantagens
indevidas, seja pela manutenção dos diretores em seus cargos, seja pela
manutenção do cartel de empresas ou, ao menos, pela não interferência em seu
funcionamento", diz Janot no pedido de investigação.
O
que disseram os suspeitos
Renan
Calheiros afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, "que não
recebeu vantagens de quem quer que seja e reitera que as ilações do ex-senador
Delcídio do Amaral não passam de delírios". "O senador permanece à
disposição para quaisquer esclarecimentos", diz a nota.
Na
época do pedido de abertura do inquérito, o advogado Antônio Carlos de Almeida
Castro, que defende Romero Jucá e Edison Lobão, disse que o delator não apontou
um único fato que incrimine seus clientes.
O
senador Valdir Raupp disse que jamais fez indicações políticas para o setor
elétrico e que as acusações de Delcidio são inverídicas.
Jader
Barbalho negou as acusações e desafiou qualquer pessoa a provar que ele tenha
recebido propina em Belo Monte.
G1
Nenhum comentário