Imprensa norte-americana destaca sucesso dos Jogos Olímpicos no Brasil.
A imprensa americana se rendeu ao
sucesso dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Após a cerimônia de encerramento ontem
(21) à noite, jornais, rádios, canais de televisão e sites dos Estados Unidos
destacaram a organização dos jogos, o calor e a amizade do povo brasileiro, os
resultados e recordes alcançados, em uma demonstração de que a mídia do país
mudou sua percepção em relação ao evento. Antes dos jogos, o noticiário era
dominado por previsões pessimistas, indicando que a competição poderia se
transformar em um grande fiasco.
A rede de televisão CBS publicou em
sua página na internet 58 slides rotativos destacando a cantora Roberta Sá
evocando Carmen Miranda, figurantes formando a imagem do Cristo Redentor, os
fogos de artifício e até curiosidades como, por exemplo, atletas britânicos
usando tênis que emitiam intenso brilho durante a cerimônia de encerramento.
Em matéria assinada pelos
correspondentes Silvio Romero e Andrew Jacobs, o jornal The New York Times
destacou que, apesar dos receios generalizados de que a cidade estaria
despreparada, ou que a criminalidade e a desorganização poderiam transformar os
Jogos Olímpicos em um constrangimento nacional, muitos brasileiros passaram a
ver os jogos como "um triunfo e uma distração necessários" para fugir
dos problemas econômicas e da agitação política. O mesmo artigo assinala que,
nos dias após a cerimônia de abertura, as críticas de que os jogos significaram
o uso inadequado de dinheiro público, em um momento de crise financeira do
país, ficaram relegadas a segundo plano em decorrência de um sentimento comum
de que o Brasil conseguiu superar os desafios logísticos, proporcionando ao
maior evento esportivo do mundo a presença de meio milhão de visitantes, que acorreram
ao Rio para assistir aos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul.
Em outra matéria, o jornal The New
York Times menciona críticas aos Jogos Olímpicos Rio 2016, como os gastos
excessivos para o tamanho do orçamento da cidade. No entanto, o jornal diz que
os jogos alteraram profundamente a paisagem do Rio, dando oportunidade ao
surgimento de um porto revitalizado, uma nova linha de metrô e de uma onda de
projetos municipais que estavam há muito parados na mesa dos administradores.
O jornal Los Angeles Times colocou
no alto de sua página na internet, em letras grandes, o seguinte título:
"Os Jogos do Rio provaram ser um desafio, mas, no final, as coisas não
foram tão ruins". O jornal lembra o comportamento da torcida que, em
alguns casos, aplaudiu os maiores atletas do mundo, mas às vezes também vaiou,
o que "mostra a característica exuberante do comportamento das multidões
no Brasil". O mesmo artigo lembra que, durante os jogos, houve relatos de
crimes nas ruas, de gafes logísticas e falhas nas sedes das competições, fatos
que sugerem que o Brasil não estava completamente pronto para o evento. No
entanto, o jornalista David Tharton, autor do artigo, relativiza esses
problemas, afirmando que são adversidades que estão no contexto de um grande
evento, realizado na América do Sul pela primeira vez. O que vale, de acordo
com o autor, é que os sambistas e os demais participantes que protagonizaram a
festa de encerramento, em meio à chuva, e os fogos de artifício, que iluminaram
o céu sombrio, mostraram que o Rio estava determinado a ser "a cidade do
acolhimento".
O jornal The Washington Post
destacou, com uma foto ampliada da cerimônia de encerramento, que os Jogos Rio
2016 exibiram resultados brilhantes conquistados pelos atletas e também uma
infinidade de contratempos, mas, ao final, a cidade anfitriã mostrou que está
marchando em um "um caminho para uma vida feliz". Segundo o jornal,
os atletas que desfilaram envoltos em ponchos de plásticos, por causa da chuva,
distribuíam sorrisos, mostrando que a cerimônia de encerramento foi um final
adequado para uma Olimpíada que antes, em razão das dificuldades, "parecia
ser uma subida íngreme".
A revista Time observa que, em um
evento que reúne mais de 11 mil atletas de 206 países, como os Jogos Rio 2016,
é normal esperar grandes coisas. A revista afirma, porém, que os Jogos Rio 2016
apresentaram recordes esportivos, estreias inacreditáveis e momentos
surpreendentes, mesmo para um evento dessa dimensão. No que se refere ao
Brasil, a revista cita como relevantes, entre outras conquistas, as medalhas do futebol e do vôlei de praia.
Porém, destaca a vitória a vitória de Rafaela Silva, do judô, fato que obrigou
o país a perceber a existência de cidadãos "por vezes esquecidos".
Rafaela Silva é, conforme a revista,
produto dos bairros de favelas onde a vida é dura, no Rio de Janeiro. "Ela
trouxe ao Brasil sua primeira medalha de ouro dos Jogos, e, com isso,
demonstrou que a perseverança e o desempenho não são uma questão de dinheiro ou
privilégio, mas de espírito".
A versão americana do jornal
britânico The Guardian destacou que, neste fim de semana, "choveram"
medalhas de ouro para os brasileiros em voleibol de praia, voleibol e futebol
masculino. Com isso, segundo o jornal, parece que, no final, o Brasil finalmente
capturou na imaginação a existência dos Jogos Rio 2016. O jornal lembrou que,
na noite do encerramento, os aplausos mais calorosos dos que estavam no
Maracanã foram destinados aos voluntários e que esse comportamento "parece
apropriado", uma vez que eles (os voluntários) e também os atletas tiveram
gestos e façanhas que parecem ter ajudado a "capturar a imaginação da
cidade".
O site da agência de notícias
Reuters afirmou que os brasileiros compareceram à cerimônia de encerramento dos
jogos com um sentimento de "alívio" por terem conseguido realizar com
competência a primeira Olimpíada da América do Sul. Segundo a agência, depois
de 17 exaustivos dias, o Rio de Janeiro colocou de lado as dificuldades
iniciais relacionadas à falta de público nos locais de jogos, a falhas de
segurança e ao surgimento de uma misteriosa coloração verde nas piscinas de
competições "para fazer uma grande festa carnavalesca".
Agência Brasil
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