Amigos e políticos comparecem ao velório de Dona Marisa, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Painel em velório da
ex-primeira-dama mostra Lula e Marisa Letícia sorridentes - Nelson Almeida /
AFP
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SÃO PAULO — O velório da
ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva foi realizado neste sábado, no
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde ela e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se conheceram. Políticos da cúpula do
PT, ex-ministros, deputados, senadores e amigos participaram da cerimônia. O
corpo será cremado no Cemitério Jardim da Colina, também no ABC, num evento
reservada à família.
O corpo de Dona Marisa
deixou o Hospital Sírio Libanês em São Paulo, onde ela estava internada desde o
dia 24 de janeiro, por volta das 7h30, e chegou por volta de 9h no sindicato.
Logo em seguida, frei Betto fez uma oração, acompanhado pela família e amigos
próximos. O ex-presidente foi o primeiro a chegar. Só por volta de 10h30 foi
permitida a entrada do público. A cerimônia acabou pouco antes de 16h.
Uma foto de Lula e Marisa
tirada durante uma viagem a Istambul, em 2009, foi usada para cobrir a parede
principal do auditório onde ocorre o velório.
A fila para cumprimentar
Lula deu a volta na quadra no entorno da sede do sindicato e ele abraçou uma a
uma as pessoas. Um ato ecumênico foi realizado no início da tarde. Antes de
iniciarem os cânticos religiosos, dona Marisa foi saudada com gritos de
"guerreira". Muitos gritaram "força Lula".
Ao longo da manhã,
diversos políticos foram prestar solidariedade à família do ex-presidente: o
ex-ministro Luiz Dulci, diretor do instituto Lula, o presidente do PT, Rui
Falcão, o ex-vice-presidente da Câmara Waldir Maranhão (PP-MA), os governadores
do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT),
além de ex-ministros dos governos petistas como Miriam Belchior, Miguel
Rosseto, Juca Ferreira, Gilberto Carvalho e Paulo Vanuchi e a ex-presidente
Dilma Rousseff. Também estiveram presentes Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT,
e o ex-deputado José Genoino.
Chorando muito, a petista
e ex-governadora do Rio, Benedita da Silva, homenageou Dona Marisa.
— Muita gente não conhece
a Marisa porque ele é muito discreta e acha que ela é a sombra do Lula. Mas na
verdade ela era o espelho e participava muito da vida e das decisões políticas
dele.
Também presente na
cerimônia, o vereador Eduardo Suplicy disse que a visita que o presidente
Michel Temer fez a Lula na última quinta-feira pode abrir caminhos para se
dialogar sobre o Brasil.
— Vivemos um momento de
desavenças profundas. A morte de dona Marisa pode criar essa vontade de se
conversar mais sobre o Brasil — afirmou Suplicy.
A deputada federal Luiza
Erundina (PSOL-SP) afirmou que a morte de Marisa pode unir as esquerdas.
— Nós temos que lutar para
defendermos as conquistas que estamos perdendo: a democracia, a segurança das
mulheres, a luta contra o ódio e contra a discriminação. Essa perda vai ter um
retorno com a mobilização da esquerda e do povo contra um governo que ameaça o
futuro na base do golpe — disse Erundina.
Já o senador Lindberg
Farias disse que é precipitação crer que as visitas de Temer e Fernando
Henrique Cardoso a Lula denotam uma reconciliação política.
— Não dá para confundir
gesto de solidariedade com aproximação política — disse Lindberg.
O caixão de dona Marisa
foi coberto com as bandeiras do PT e do Brasil. Diversas coroas de flores foram
enviadas, entre elas, uma do presidente de Cuba, Raul Castro.
O ex-presidente Lula
também homenageou a mulher com uma coroa: "Minha galega, agora o céu
ganhou uma estrela que iluminou a minha vida"
Militantes do PT fizeram
fila para prestar as últimas homenagens à ex-primeira-dama. Em um mural que foi
colocado no hall do prédio, eles escrevem mensagens de apoio ao ex-presidente.
Em alguns momentos, equipes de imprensa foram hostilizadas.
Ao final do velório, Lula
realizou um discurso, em que afirmou que dona Marisa morreu triste pela
'canalhice e pela maldade' que fizeram contra ela.
LUTO
OFICIAL DE TRÊS DIAS
Dona Marisa, de 66 anos,
morreu nesta sexta-feira vítima de complicações de um Acidente Vascular
Cerebral (AVC) hemorrágico, decorrente do rompimento de um aneurisma que ela
tinha no cérebro, diagnosticado há cerca de dez anos. O protocolo de morte
encefálica foi concluído após dois exames confirmarem a perda definitiva e
irreversível das funções cerebrais.
A ex-primeira dama passou
mal no apartamento em que morava em São Bernardo do Campo. Ela foi
imediatamente levada a um pronto-socorro local, onde foi constatado o AVC. Em
seguida, a mulher de Lula foi transferida de ambulância para o Sírio-Libanês,
na capital paulista. Ela chegou ao local consciente. Desde então, estava
internada na UTI. Na quarta-feira houve uma piora em seu estado de saúde e
exames apontaram que ela não tinha mais fluxo cerebral.
O presidente Michel Temer
decretou luto oficial de três dias. Temer e a esposa, Marcela transmitiram
condolências à família.
O Globo
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