Com 30 homicídios, RN tem fim de semana mais violento do ano
Carro da UFRN, que é preto
e descaracterizado, por ter sido confundido com um veículo da polícia, segundo
a PM (Foto: José Anchieta de Freitas).
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Dados
foram consolidados por instituto que contabiliza crimes violentos intencionais.
Segundo OBVIO, 676 pessoas já foram assassinadas no estado em 2017.
Trinta pessoas foram
mortas no Rio Grande do Norte somente neste final de semana – o mais violento
do ano no estado segundo levantamento feito pelo Observatório da Violência
Letal Intencional (OBVIO). A matança supera o fim de semana de janeiro (dias 14
e 15) no qual 26 detentos foram assassinados durante um confronto armado
envolvendo facções rivais dentro do maior presídio do estado – episódio que
ficou conhecido como o ‘Massacre de Alcaçuz’.
Ainda de acordo com o
instituto, dos 30 homicídios registrados, 12 ocorreram em Natal. Outros 4 foram
registrados em Mossoró, na região Oeste, e 3 em Ceará-Mirim. Já nas cidades de
Parnamirim, Apodi, Baraúna, Caicó, Caraúbas, Extremoz, Japi, Macaíba, Martins e
Santa Cruz, a PM registrou um assassinato em cada uma delas.
Um dos casos que mais
chamou a atenção na capital foi a morte do motorista da UFRN José Wilson de
Souza, de 59 anos. Na madrugada deste domingo (9), ele foi ao bairro de Ponta
Negra para buscar a reitora para levá-la ao aeroporto. Antes, porém, acabou assassinado
com quatro tiros. Há duas versões para a motivação do crime. De acordo com a
PM, por causa do carro da UFRN, que é um veículo preto descaracterizado, o
motorista teria sido confundido com um policial. Já a Polícia Civil, acredita
em tentativa de assalto.
Os números do OBVIO também
mostram um crescimento de 30,5% no número de homicídios no estado. Em 2016,
segundo os dados do instituto, 518 pessoas haviam sido mortas entre janeiro e
10 de abril. Este ano, neste mesmo período, pelo menos 676 pessoas já foram
assassinadas -- o que dá uma média de 6,8 mortes por dia.
Por meio de sua assessoria
de comunicação, a Secretaria de Segurança Pública disse que não vai comentar as
estatísticas. Contudo, ressaltou que ainda nesta segunda-feira (10) será
lançado um plano de combate à criminalidade.
'Vidas perdidas'
Ivênio Hermes, que é
especialista em segurança pública e um dos diretores do OBVIO, destaca que
“embora os esforços das polícias estaduais sejam visíveis, a ausência demorada
na efetivação de políticas públicas de segurança efetivas deu margem a um
levante homicida que exaure a capacidade dessas polícias”.
“A onda de violência
homicida que tem afetado o Rio Grande do Norte mais uma vez atinge números
elevados, apontado para um domínio da criminalidade sobre as ações de segurança
pública”
O especialista também
critica a falta de punição para os criminosos. “A impunidade nos crimes de
homicídio se amplia e é diretamente proporcional ao número crescente desses
crimes. O policiamento ostensivo não tem dado conta de retirar homicidas das
ruas na mesma proporção que o cometimento desse crime aumenta, e até atinge
essa força policial que é suscetibilizada por andar caracterizada”,
acrescentou.
Ainda de acordo com Ivênio
Hermes, “se as estratégias atuais não forem revistas, não teremos números para
mostrar segurança, e a crescente evolução dessa escalada criminal continuará
afetando a população, afugentando investidores, turistas e colocando nosso
estado em um cenário estatístico desastroso para o progresso e para economia,
sem falar no maior prejuízo de todos: as vidas perdidas”, concluiu.
G1
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