Diretor da JBS cita repasse de R$ 15 milhões para Temer; presidente nega.
Em depoimento de delação
premiada prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR), o diretor de
Relações Institucionais e Governo da J&F (holding do grupo JBS), Ricardo
Saud, disse que o presidente Michel Temer recebeu R$ 15 milhões em vantagens
indevidas para a campanha à Vice-Presidência em 2014 e para atuar em favor do
grupo empresarial.
Segundo o delator, o valor
foi repassado pelo PT. O depoimento do diretor está em um dos vídeos das
delações prestadas pelo grupo JBS. O teor dos vídeos foi divulgado hoje (19)
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o ministro Edson Fachin ter retirado o
sigilo das delações.
“Esses 15 milhões eram do
PT, e o PT deu para o Temer usar na campanha de vice”, disse Ricardo Saud.
Saud acrescentou ter
comunicado a Temer que a campanha do PT autorizou o repasse, que fazia parte do
saldo que o grupo JBS tinha com o partido para doações eleitorais. Conforme o
delator, o dinheiro foi destinado ao PMDB e ao ex-deputado Eduardo Cunha (RJ),
que hoje está preso em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato.
“Veio a ordem para dar os
R$15 milhões do PT para o PMDB para a campanha do Temer. Isso feito, eu fui lá
e comuniquei ao Temer na vice-presidência, aqui em Brasília, eu disse que
chegaram os 15 milhões, e ele me disse para eu dar uma semana que ele ia dizer
como fazer com o dinheiro”, afirmou Saud.
O diretor também relatou
como Temer teria distribuído o dinheiro. "Nós fizemos da seguinte forma.
Dos R$ 15 milhões, ele acabou ajudando o Eduardo Cunha, o Henrique Alves,
acabou pondo uma parte, R$ 9 milhões no PMDB nacional. Ele mandou para vários
estados. A gente tem tudo ali direitinho para onde esse dinheiro foi
seguindo", disse no depoimento.
Saud declarou aos
procuradores que o dinheiro era "propina dissimulada em forma de doação
oficial"
Palácio do Planalto
A Presidência da República
negou que sejam verdadeiras as acusações contra o presidente Michel Temer.
“As informações são falsas”,
disse a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.
Conforme a assessoria, todos
os recursos recebidos para a campanha de Temer em 2014 foram doações oficiais.
Agência Brasil
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