José Serra anuncia que PSDB permanecerá no governo Temer.
O senador José Serra
(PSDB-SP) afirmou na noite desta segunda-feira (12), durante reunião da
comissão executiva do partido em Brasília, que o PSDB permanecerá no governo
Michel Temer.
Além dos integrantes da
Executiva Nacional, também estiveram presentes à reunião os quatro ministros do
partido, deputados, senadores, governadores – entre os quais Geraldo Alckmin
(SP), Beto Richa (PR), Simão Jatene (PA) e Marconi Perillo (GO) –, prefeitos de
capitais – incluindo João Doria (São Paulo) e Arthur Virgílio Neto (Manaus) – e
dirigentes regionais.
De acordo com o senador
tucano, que foi ministro das Relações Exteriores, o partido "não fará
nenhum movimento agora no sentido de sair do governo". De acordo com ele,
a decisão tomada é que os ministros tucanos não sairão do governo.
O PSDB detém o comando dos
ministérios de Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Cidades e Direitos
Humanos e é um dos principais aliados do governo no Congresso.
"Quando os fatos mudam,
eu mudo de opinião. Se os fatos mudarem, vamos avaliar", afirmou Serra a
jornalistas, que aguardavam o fim da reunião do lado de fora. O encontro dos
tucanos ainda estava em andamento até pouco depois das 21h.
A relação entre o partido e
o governo sofreu um abalo depois que surgiram as acusações feitas de executivos
da JBS envolvendo o nome do presidente. Investigado pela Operação Lava Jato,
Temer é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) corrupção passiva,
obstrução à Justiça e organização criminosa.
Há ainda a expectativa de
que o Ministério Público Federal apresente uma denúncia contra ele nas próximas
semanas.
Divisão interna
Diante da crise política, o
PSDB sofreu uma divisão interna. Há uma ala, especialmente entre os
parlamentares mais jovens da legenda, que pressiona pela saída do governo.
A discussão sobre eventual
desembarque vem sendo ensaiada há várias semanas, mas acabou adiada devido às
pressões internas de tucanos contrários. A reunião da cúpula do PSDB, prevista
para a semana passada, chegou a ser postergada a fim de se esperar o julgamento
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira, no qual a chapa
Dilma-Temer foi absolvida das acusações de irregularidades na campanha
eleitoral de 2014.
Apesar do resultado
favorável a Temer, os descontentes com a aliança entendem que o partido não
deveria levar isso em conta.
Relator da reforma
trabalhista no Senado, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), é um dos que
defendem que o partido entregue os cargos no Executivo. Para ele, as denúncias
contra Temer são “devastadoras” e comprometem o andamento das reformas no
Congresso.
“Todo tempo do governo será
dedicado à sua defesa [...] Os fatos indicam que o partido [PSDB] deve entregar
os cargos para que a gente possa lutar pelas reformas”, disse.
Estratégia
Para Temer, a permanência
dos tucanos na base aliada seria importante não só pela sustentação política,
mas também porque o PSDB é um dos principais apoiadores do governo na aprovação
das reformas enviadas pelo Planalto para o Congresso.
Segundo o colunista do G1 e
da GloboNews Gerson Camarotti, o presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves,
afastado do Senado por ordem do Supremo, tem articulado a permanência da
legenda na base governista.
Em troca, Aécio está de olho
no apoio do PMDB no Conselho de Ética do Senado, a fim de salvar seu mandato em
caso de eventual processo por quebra de decoro. Ele foi denunciado ao STF por
corrupção passiva e obstrução da Justiça.
De acordo com o Blog da
Andréia Sadi, interlocutores de Michel Temer também têm sinalizado com o apoio
do PMDB à candidatura tucana nas eleições presidenciais de 2018.
Atualmente, dois tucanos
despontam como principais pré-candidatos da sigla: o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, João Doria.
Há duas semanas, Temer
procurou Alckmin para pedir ao governador que desmobilizasse a debandada do
PSDB de São Paulo. Alckmin tem trabalhado neste sentido.
Outra preocupação de Michel
Temer é em relação à denúncia que a Procuradoria-Geral deve apresentar contra o
presidente. Para que ele vire réu no Supremo, o prosseguimento do processo no
Supremo precisa ser autorizado pelos deputados.
G1
Nenhum comentário