Estudante de psicologia é preso por extorsão de mulheres via redes sociais.
Um estudante de psicologia
de 23 anos foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal na Grande Natal, no
Rio Grande do Norte, suspeito de extorquir dinheiro de cerca de mil mulheres em
todo o país. No computador da casa dele, policiais encontraram quase 10 mil
arquivos entre fotos e vídeos de mulheres e adolescentes. Só na capital
federal, ele fez cinco vítimas, entre elas, duas adolescentes de 16 e 17 anos.
A operação de captura do
suspeito batizada de “Apate”, que significa “o deus do engano”, ocorreu na
última quarta-feira (6) e foi realizada pela Delegacia Especializada em
Atendimento à Mulher (Deam) do DF após dois meses e meio de investigação. O
nome dele não foi divulgado pela polícia porque o caso está em segredo de
Justiça.
O jovem já está na
carceragem da sede da polícia do DF e também é suspeito de cometer estupro
virtual. Esta é a segunda prisão por este tipo de crime no país. A primeira foi
no mês passado, no Piauí. A prisão temporária tem validade de 30 dias e até lá,
a polícia espera que mais vítimas o denunciem para que ele fique preso
preventivamente.
'Modus operandi'
Segundo as investigações,
ele atraía as vítimas por meio de sites de relacionamento, se passando por
amiga e por alguém de idade próxima. Após conseguir a confiança dela, pedia
para que ela enviasse fotos íntimas sob a justificativa de acabar com o
“tédio”.
De posse do material, ele
então passava a extorqui-la e pedia de R$ 300 a R$ 1,5 mil para que as imagens
não fossem divulgadas nas redes sociais e chegassem até parentes e amigos das
vítimas.
O jovem é considerado um
hacker pela polícia. Para não deixar vestígios, ele também lavava o dinheiro
por meio de moedas virtuais. A polícia ainda investiga se há participação de
terceiros no lucro com esse tipo de crime.
A fim de evitar ser
localizado, o suspeito direcionou os domínios do computador para o exterior.
Graças a um aplicativo, ele comprou um número de celular e fazia contato com as
vítimas por meio desse número.
Com a apuração dos policiais
da seção de crimes virtuais da Deam e até com ajuda de investigadores
internacionais, foi possível descobrir que o hacker estava utilizando um
computador do Brasil para mandar as mensagens com ameaças para as vítimas.
Os policiais também analisam
o computador do suspeito. Por enquanto, já foi possível encontrar ameaças.
“Quanto mais cedo você
pagar, mais cedo você se livra de mim”, disse ele a uma das vítimas. “Eu estou
sendo uma pessoa compreensiva e paciente. Se você não valer a pena, eu irei te
perseguir por algum tempo, em contrapartida. ”
Para outra vítima, o mesmo tom
de intimidação: “Eu tenho salvo seus amigos do face, suas fotos do insta, suas
fotos do face... inclusive com seus avós. Eu quero que você seja minha P(...)
particular ou eu vou vazar suas fotos na net. Eu salvei tudo que você mandou”.
'Vocês demoraram, heim!'
Mesmo após as vítimas
mandarem vídeos, fotos e dinheiro, muitas vezes ele queria mais. Ele chegou a
pedir para que as vítimas introduzissem objetos e colocassem pregadores nos
seios e várias outras situações.
"O alvo dele era
explorar as mulheres. Ele disse que se deleitava com essa humilhação. Tinha
total desrespeito a condição feminina e se orgulhava disso”, explicou a
delegada-chefe da Deam, Sandra Gomes, que conduziu as investigações.
Ele atuava desde 2012,
porém, no início era por diversão. De dois anos para cá é que teriam começado
as extorsões. “Quando a gente chegou na casa dele, ele disse sem nenhum
remorso: 'Vocês demoraram, heim!' Demonstrou muita vaidade com o modo dele
agir”, explicou a delegada.
Estupro virtual
O suspeito vai responder por
estupro virtual em razão do constrangimento e das ameaças feitas para que as
vítimas tirassem a roupa na frente de uma webcam.
No mês passado, houve a
primeira prisão de um homem por este tipo de crime. O homem teria feito imagens
da vítima no momento em que ela dormia e depois ameaçado divulgá-las nas redes
sociais.
Segundo a decisão da Vara
Criminal do Guará, que determinou a prisão do estudante de psicologia, “os
fatos narrados revelam a profunda gravidade dos crimes praticados, além do que
as aludidas práticas criminosas evocam clamor e indignação no meio
social".
"Conforme bem consignou
a ilustre delegada de polícia, os fatos demandam uma análise detidas de todos
os arquivos já mencionados, assim como a identificação de quais deles pertencem
às vítimas identificadas no Distrito Federal, sobretudo, aquelas menores de
idade (...)”, disse a magistrada para embasar a decisão.
E destacou a importância de
as vítimas denunciarem. “De igual maneira, a elucidação dos delitos citados
anteriormente demandará o máximo de tempo de inquirição do autor e realização
de reconhecimento das imagens por parte das vítimas já citadas, até mesmo para
identificação de outras possíveis vítimas.”
Além de estupro virtual, ele
vai responder ainda por extorsão e armazenagem de pornografia de menor de
idade.
G1
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