ATENÇÃO: Após roubar carro de padre, bandidos dão dinheiro para o ônibus e pedem oração: 'Reze por nós'.
Valdir Cândido de Morais, pároco da Catedral de Nossa Senhora da Apresentação |
Um assalto que aconteceu na
noite desta terça-feira (19), em Natal, acabou de forma inusitada para o padre
Valdir Cândido de Morais, pároco da Catedral de Nossa Senhora da Apresentação.
O religioso passou cerca de 20 minutos sob poder de dois criminosos que, ao
descobrirem que a vítima era um sacerdote, pediram orações e deixaram dinheiro
para uma passagem de ônibus.
O caso aconteceu por volta
das 20h30, quando o padre chegava a uma casa do conjunto Mirassol, Zona Sul da
capital, para fazer uma visita. "Eu já tinha saído do carro. Mas eles
vieram correndo, anunciando o assalto com uma arma na mão", afirmou ao G1.
Rendido, o padre foi
obrigado a entrar no carro modelo Tucson, que pertence à Arquidiocese de Natal
e ficou sob a mira da arma de fogo, apontada para a cabeça. Segundo ele, foram
momentos de tensão. "Um deles estava muito nervoso. Eles vinham de outro
assalto que parece que não deu certo. Então ele falou que o outro devia ter
atirado, ter matado", conta.
Os assaltantes levaram ao
padre Valdir até o bairro Bom Pastor, na Zona Oeste da capital potiguar. No
caminho, tomaram relógio, carteira e o celular da vítima. Ao verem a camisa da
festa da padroeira de Natal, que o pároco vestia, os assaltantes perguntaram se
ele estava indo para igreja. Ele confirmou.
"Depois, perguntaram se
eu era padre e eu respondi que sim. A partir daí, a conversa mudou",
revela. "Eles disseram que não queriam fazer aquilo comigo, mas não tinham
opção, que desejavam sair daquela vida. Pediram benção e orações e me disseram
os apelidos deles, para que eu orasse. Foi um momento de tensão, mas também de
confiança", acrescenta o padre.
A oração não aconteceu
dentro do carro, segundo o pároco, porque não havia "clima" para
isso. Ao chegar próximo a linha do trem no bairro Bom Pastor, os criminosos
deixaram o padre sair do carro, devolveram a carteira com os documentos e R$ 4
para que ele pegasse um ônibus de volta para casa.
"O que a gente percebe
é um profundo desamparo na vida dessas pessoas", lamentou o padre, que já
orou pelos assaltantes.
O caso foi registrado na
Polícia Civil, mas o carro roubado não foi encontrado até o momento em que esta
reportagem foi publicada. Segundo as delegacias de plantão da capital, pelo
menos 25 carros foram roubados entre a noite de terça-feira (19) e a madrugada
desta quarta-feira (20).
G1
Nenhum comentário