Cerca de 90% das prefeituras paraibanas continuarão de pires na mão.
Tota Guedes - Presidente da Famup |
A situação de dificuldade
financeira enfrentada pelos municípios só deve ser solucionada com a revisão do
Pacto Federativo. É o que garante presidente da Federação das Associações de
Municípios da Paraíba (Famup), Tota Guedes. Para 90% dos municípios é inviável
aumentar as receitas com base em impostos como ISS e IPTU. A falta d’água
também é outro fator que impede prefeitos de trabalharem na busca de instalação
de empresas na cidade.
Em meio a tudo isso, existe
uma pequena ilha formada por oito municípios que, somente este ano, receberam
juntos a importância de R$ 28,6 milhões referentes aos royalties do gás natural
e devem fechar o ano superando a casa dos R$ 30 milhões. Para se ter uma idéia,
somente o pequeno município de Caldas Brandão recebeu este ano, até o mês de
novembro, o valor de R$ 3,5 milhões.
“A maioria dos municípios de
até 30 mil habitantes depende totalmente do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM) para sobreviver. Não se pode contar com o IPTU já que isso é medido pelo
valor do imóvel. Em uma cidade como João Pessoa, um imóvel custa cerca de R$
200 mil. No interior, o valor chega aos R$ 30 mil. Então a arrecadação é muito
baixa”, afirmou o presidente.
Outro imposto destacado por
Tota foi o ISS, cobrado sobre serviços. “Em cidades pequenas não existe muitos
profissionais como médicos e advogados. E assim como o IPTU, esse tipo de
arrecadação se torna mínima. A saída para os municípios é o Pacto Federativo”,
garantiu o presidente da Famup.
Questionado sobre se a busca
de empresas para se instalarem nos municípios ajudaria os prefeitos a
organizarem as contas, Tota garantiu que seria uma saída, mas lembrou que a
seca tem afetado drasticamente os municípios, principalmente do interior do Estado.
“Nenhuma empresa vai querer
se instalar em uma cidade que não tem água. Infelizmente essa é uma realidade.
Muitos prefeitos ainda tentam, mas poucos conseguem”, afirmou.
“A saída é o Pacto
Federativo”
Para Tota Guedes, a saída é
a correção de falhas na distribuição de responsabilidades e direitos atribuídos
aos Entes, que acaba por sufocar as finanças municipais.
“A questão mais séria de
todas é a atualização dos programas federais. Têm 390 programas criados no
Brasil, esse é o problema. É neles que estão a situação caótica das
prefeituras. Não é possível manter as administrações com todas essas
responsabilidades. Chega de transferir responsabilidades sem recursos para
pagar”, disse Tota.
Como estão na ponta das
obrigações e dos repasses, o presidente da Famup explicou que os municípios
cobram maior participação da União nas obrigações com saúde e educação. Na área
de educação devem investir 25% e na saúde, 15%, no mínimo.
Início de ano com menos
recursos
As finanças dos 223
municípios paraibanos devem continuar no vermelho em 2018. É que o repasse do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) referente a janeiro do próximo ano
terá uma redução de 6,1% em relação ao que será depositado nas contas das
prefeituras agora em dezembro. De acordo com dados da ONG Observatório de
Informações Municipais, a redução chega a R$ 13.109.552.
O repasse referente ao mês
de dezembro será de R$ 214.794.971 e em janeiro, a previsão é que os municípios
recebam um total de R$ 201.685.419. As estimativas elaboradas pela Secretaria
do Tesouro Nacional representam apenas uma indicação, dependendo da evolução da
arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados.
A Prefeitura de João Pessoa
terá uma perda de R$ 6,6 milhões se comparado com que recebeu em dezembro. O
município deve fechar o mês com R$ 28.096.932 e em janeiro a previsão de
repasse do FPM é de R$ 21.416.593.
Já Campina Grande perderá R$
1.007.056, de acordo com o levantamento realizado pelo Observatório de
Informações Municipais. Em dezembro o município deve receber R$ 6.935.269 e em
janeiro o valor do FPM cai para R$ 5.928.213.
Por conta das sucessivas
quedas nos repasses do FPM alguns prefeitos adotaram medidas extremas como a
redução dos próprios salários e a exoneração dos servidores contratados e
comissionados. O prefeito de Cajazeiras, José Aldemir (PP), por exemplo,
assinou um decreto afastando os servidores pelos meses de dezembro e janeiro.
A Prefeitura de Cajazeiras
deve receber agora em dezembro um total de R$ 2.285.097 de FPM. Para janeiro, a
previsão é que o município receba um total de R$ 2.141.033, conforme a
Secretaria do Tesouro.
Jornal Correio
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